Monday, November 28, 2005

Mudanças de planos mil


Ando mudando os planos todos... No final de semana passado, tudo certo, ingressos comprados para mil shows... mas depois de varar a noite na festa a fantasia amanheceu um sábado lindo e eu surtei, distribui os ingressos e fui para Itamambuca.
Enfim, meio atrasado (ando corrida, corrida!) as fotos da festa a fantasia e do Reveillon em Itamabuca em pleno outubro, com a tradicional foto dos pés...


Outra mudança de planos – estava decididissima a ir na festa de Branca de Neve - porque tenho uns amigos que vivem dizendo que eu tenho cara de Branca de Neve e também meio de farra, para lembrar uma festa da época que eu fazia teatro na trupe do Oswaldo Montenegro, que eu fui - o detalhe foi a Carol e a BRuna fazendo minha fantasia, toda de papel crepon, super fadas-madrinhas...
Mas quando vi a fantasia de Rapunzel lembrei que esta sempre foi meu conto de fadas preferido e não teve jeito... E, obviamente, como tudo e qualquer coisa é um gancho para minhas filosofias de botequim... Sei lá, a Branca de Neve, ao menos, passava o tempo se divertindo com os Sete Anões e se não fosse a madrasta má ter mandado a tal maçã, nem precisava de príncipe nenhum essa estória... Já a Rapunzel, coitada, lá na torre dela, por pura falta de outra referência achando que a bruxa era toda amiga... e quando aparece o príncipe, então, fica ela lá, à mercê, esperando ouvir o “jogue-me suas tranças”....
Enfim, cá estou com meus botões, Penélope incorrigível, tecendo e desmanchando pensamentos, Jane Fonda incorrigível, achando sempre que “desta vez é diferente”, Rapunzel incorrigível, com as tranças sempre a postos para visitinhas rápidas enquanto a bruxa não vem...
E quando será que eu vou ter coragem de usar minhas próprias trancas para abandonar a torre onde me encontro? E, uma vez em “terra firme”, abandoná-las (tranças e torre!!) para sempre? Ou, ao contrário, ficar la na torre mas só aceitar a visita de príncipes alpinistas que se dêem ao trabalho da escalada?

Ai,ai... nem contos de fada e festas a fantasia eu consigo deixar passar impune, sem surtos e devaneios...

Saturday, November 26, 2005

Correspondências

Ando completamente enlouquecida com livros de correspondências...
Comecei com 2 – o da Tarsila que eu já comentei aqui e o "Cartas perto do coração", de Clarice Lispector e Fernando Sabino, presente muito querido, que fez inclusive com que eu re-descobrisse o Fernando Sabino, paixão das mais recentes.
Engraçado esse lance de cartas – eu tenho muitas guardadas, a maioria da época do colegial, jeito encontrado para matar as saudades quando voltei para SP deixando os amigos mais queridos em São José. Tive também um amigo que só conheci por cartas – apresentado por um amigo comum, fez parte da minha vida durante 4 anos e 19 cartas – faz parte ainda, em sutilezas de quem fui virando, em jeitos de pensar que eu não teria tido sozinha, na altura dos meus 15, 16 anos. Quando descobri que ele tinha se encantado, apesar de não ter tido contato há anos, senti a perda como a de um grande amigo – porque, sim, ele foi um grande amigo.

A fase do intercâmbio, então, foi a mais rica em "correspondências" – algumas pessoas ficando tão mais amigas assim a distancia – e na volta uma sensação boa de algo consolidado. Em outros casos, o silêncio de um ano fez com que a amizade ou o que quer que fosse permanecesse igual, latente, e ao voltar, sentimento igual em cenário diferente, causando tanta, tanta confusão... (ups, isso é outra estória...)
Enfim, coisa engraçada era receber v
árias cartas de pessoas do mesmo grupo, contando versões meio diferentes das estórias, me ajudando a compor meio um mosaico do que se passava do lado de cá. E, contando só com o snail-mail, as notícias que chegavam já estavam quase sempre meio ultrapassadas... Do meu lado, então, nem se fala: fervilhando aos 17 anos, sempre que enviava uma carta já precisava ir outra na seqüência “des-dizendo”, complementando, mudando os rumos...e quando eu voltei de lá, deixando namoradinho, meu maior panico era que cartas com “saudade” se cruzassem no caminho com respostas de “melhor a gente continuar só amigo” – medo que persiste em mim, mesmo sabendo que o delay dos correios e a distância só escancara (e torna mais tangível e patético..) os descompassos que acontecem mesmo é dentro das pessoas. Aliás, o maior problema é mesmo esse delay interno, a enrolação para deixar claro para os outros que a página esta sendo virada...

Voltando às cartas... outro dia um amigo dizia que o E-mail suicidou o hábito de escrever cartas. Isso é e não é verdade – tenho recebido as cartas mais adoráveis por E-mail, mas isso quando são mesmo escritas com o cuidado com que se escreve cartas, não com a rapidez com que se escreve e-mails. É preciso ter o cuidado de deixar a carta dormir um pouquinho nos “drafts”, e antes de mandar, reler, estudar palavra por palavra, mudar a ordem das frases... Também receber estas cartas é diferente... sem envelope para abrir e papel para desdobrar, o que reserva uns segundos para nada além de pensar com carinho na pessoa, com sorriso inevitável. Sem a letra manuscrita, o carimbo ajudando a imaginar o caminho que a carta percorreu, o amigo indo até o correio, corre-se o risco de banalizar a correspondencia. É por isso que eu quando recebo uma carta dessas, espero alguns segundos antes de abrir a mensagem, só mesmo o tempo da ternura tomar conta. Depois, confirmado que se trata de uma carta, não leio logo não – seguindo a sugestão do Luiz, mando imprimir, preparo um chá e só então, efetivamente recebo a carta, como quem recebe um presente – porque é um dos melhores presentes.

Mas, se os e-mails ainda perdem bastante para as cartas “de antigamente” tenho que admitir que falar no MSN com web cam ganha de lavada do telefone. Aliás, ganha até mesmo de falar no skipe com camera. Não sei se é porque eu nunca fui super fã de telefone ou se sou mesmo muito apaixonada pela palavra escrita... o fato é que, assistir a outra pessoa escrevendo – “a boca tramando um gosto” - e ver brotar as reações/sorrisos que você semeou do lado de cá enquanto o outro lê é impagável!!! Único porém é que não diminui em nada a saudade, pelo contrário, fica sempre faltando ainda mais um abraço...

Nossa – tudo isso simplesmente pra dizer que eu acabei de comprar meus presentes de Natal para mim mesma: 5 livros com as correspondências de Caio Fernando Abreu, Clarice Lispector, Mario de Andrade, Fernando Sabino, Drummond e Oswald de Andrade.

Quem tiver outras sugestões, please, be my guest...

Friday, November 25, 2005

Balanço 2005 (?)

Balanço 85
. Thiago de Mello

Não chegou a ser um ano bom,
Perdi o amigo com quem mais aprendi,
o Adão, de Campos dos Goitacazes,
o exemplo mais luminoso.
Na noite de Natal, perdi meu Pai,
tão desajeitado para entregar sua ternura,
mas que aos 95 anos brincava com os bisnetos,
mas menino do que eles.
Perdi um certo jeito de ficar olhando
as estrelas enormes da floresta
soltas no centro da noite.
Minha única filha
perde sua linda mãe
levada pelo relâmpago
nas rodas da madrugada.
Perdi o gosto de mim mesmo.
O menino meu companheiro
deixou de acordar a meu lado.
E num entardecer de novembro,
bem defronte do sol,
perdi o que eu não soube amar.

Mas também não foi chegou a ser um ano ruim.
O meu povo perdeu a vergonha
De pronunciar a palavra Pátria.
Permaneceram os amigos.
Poucos. Mas capazes
de atravessar o mar
só para me levar uma flor.
As crianças da floresta
vêm correndo me abraçar, rindo sem dentes,
quando sabem que eu cheguei.
Ainda não perdi a esperança
na convivência humana solidária.
Tenho uma canoa que se chama Liberdade,
os braços estão prontos, as águas já me conhecem.
É só remar.

Tata - lendo seus ultimos textos, nao pude deixar de pensar neste texto, que eu nunca consegui definir muito bem, mas já foi muito como me senti e imagino, é um pouco como você anda sentindo. Deixo aqui de presente, singelamente, como quem atravessaria o mar para levar uma flor.

Friday, November 18, 2005

Titulo: Minha ferias

Contando sobre minha temporada em Miami, , me dei conta que, se eu fosse escrever sobre, no melhor estilo "redação de primeiro dia de aula", sairia um argumento perfeito para um filme de Spielberg - furacão, mil crianças por todo o lado e uma pitadinha de romance singelo, tudo isso com direito a "final" feliz e ganchos para possiveis continuaçoes ...
Engracada essa constatacao - ainda mais assim, depois de uma fase tão mista de Almodovar e curta-metragens...
Ai, que medo de ver os traillers da proxima temporada... .

De Sesc em Sesc...

Pra apaziguar saudades, só mesmo retomando, a todo vapor, a vida cultural (e a não tão cultural assim...)
Ontem foi Lia de Itamaracá e Antonio Nobrega no Sesc Pompeia.
Amanhã, tem Folias e Congos + Sabenças de alem Mar no Sesc Pinheiro depois Cavalo Marinho, Ciranda e Jongo no Sesc Ipiranga... E Domingo de manhã: Brasil que Dança e contos da Africa no Pinheiros... Ufa!
E hoje ainda rola Sambozo na Bio e uma mega festa a fantasia na sequencia...

Mas, sem duvida alguma, impagavel mesmo foi dancar ciranda em torno da Lia...
(tem hoje de novo - até ontem ainda tinha ingressos!!)

"Essa ciranda quem me deu foi Lia
que vive na Ilha de Itamaracá..."


Tuesday, November 15, 2005

Cachuera!!!

" Cachuera" é uma expressao usada para interromper um jongo, impedindo que ele continue indefinidamente... Quando dita, é quase palavra magica - a musica pára e todos se olham, meio cumplices desta interrupção brincalhona. Alias, um dos grandes meritos dessa interrupcao, é exatamente a de interromper o jongo quando ele ainda está no auge, antes que esmoreça. Mas o "cachuera" nao decreta um "fim": a dança não acaba, a alegria não acaba... cria-se apenas este intervalinho, que quebra a inércia da música anterior e prepara para a próxima...

Parece que 5 semanas nao seriam suficientes para "interromper" um pouco estes transbordamentos que vinham em "piloto automatico" - então foi preciso um furacao! E, sem poder escrever aqui, me dei conta do quanto esse "transbordar" me fazia falta - e me incomodou bastante. Porque, enquanto muitos pensamentos ainda devem encontrar aqui um lugar para aportar, nao quero formatar acontecimentos para que eles caibam aqui - como me peguei fazendo, vez ou outra.

Também, com tanta coisa nova aparecendo - trabalho, amigos, resgates, janelas... De novo, nao é de forma alguma um fim, continuam a pipocar aqui, quando fizer sentido, estorias e fotos e ecos... A proposta é mesmo apenas uma mudança de ritmo, talvez um intervalo risonho...

E, pensando melhor, esse mundo de água que sou eu, mais cedo ou mais tarde, só podia mesmo que transbordar em "cachueira"!!

Monday, November 14, 2005

Maior que tudo...

Foram 5 semanas em Miami, cuidando muito muito do Lucas e Gabi e Carol.
Na vespera de ir para o Mexico, minha irma disse que nao sabia como me agradecer.
Covardemente, respondi: "ainda bem que nao precisa". quando no fundo, deveria ter dito: "Nem eu, Lulu, nem eu!"

Sunday, November 13, 2005

Medos e motos

Medo eh o tipo da coisa que voce tem ateh que voce nao tem mais.
Estou falando de andar de moto, mas podia ser de qualquer outra coisa. Preciso me lembrar disso mais vezes.
(By the way, o passeio de moto acabou sendo de saia mesmo, pra nao correr o risco de mudar de ideia enquanto colocava uma calca... soh eu mesmo!)

Enfim: delicia, delicia esse meu ultimo dia por aqui... so nao perfeito por ser o ultimo...



Mais que princesas


Are you a princess? I said & she said I'm much more than a princess,
but you don't have a name for it yet here on earth.


Brian Andreas

Saturday, November 12, 2005

Um passo pr'uma armadilha...



'Pois é nos desvios que se encontra as melhores surpresas e os araticuns maduros. Há que apenas saber errar bem o seu idioma.'

- Manoel de Barros -





Pintura de Gustav Klimt

Friday, November 11, 2005

Menininhas do meu coracao...


Valsa para uma (duas) Menininha(s)
(Toquinho e Vinícius de Moraes)

Menininha do meu coração
Eu só quero você a três palmos do chão
Menininha não cresça mais não
Fique pequenininha na minha canção
Senhorinha levada batendo palminha
Fugindo assustada do bicho-papão

Menininha que graça é você
Uma coisinha assim começando a viver
Fique assim meu amor sem crescer
Porque o mundo é ruim é ruim
E você vai sofrer de repente uma desilusão
Porque a vida é somente seu bicho-papão

Fique assim fique assim sempre assim
E se lembre de mim pelas coisas que eu dei
E também não se esqueça de mim
Quando você souber enfim de tudo que eu amei

Entre cirandas, rodas e acalantos, andei cantando muito essa musiquinha para minhas bonecas... mas tomei o cuidado de nao ficar repetindo que o mundo eh ruim... nesse pedaco, fiz questao de cantar um "la-la-la"... O mundo eh o que eh, e plantar a sementinha de que ele eh ruim nao o torna, de forma alguma melhor, portanto...

Agora, honesto, queria, queria que elas ficassem mesmo a " tres palmos do chao"... e que nao esquecessem de mim, que agora vou ficar tanto tempo tao longe tao longe...

Thursday, November 10, 2005

Fada Madrinha dos meus Sonhos

Aniversario da tia Mariazinha, que bela-adormeceu antes do tempo, anos atras...
FIca aqui, soh mesmo pra deixar registrada a lembranca carinhosa enaqunto eu arrebanho coragem de contar a estoria com todo o colorido e delicadeza que merece.

Banho de Princesas


A hora do banho continua sendo o momento alto dos meus dias - impagavel!! alias, com o final da temporada se aproximando, ando procurando motivos para dar banhos 2 vezes por dias nas minhas princesas... Os rituais ja estao todos estabelecidos: um pouquinho de agua na cara para elas acostumarem a ser um pouco "sereias", sessao de creme com massagem (se puxarem a tia, essa parte dos cremes vai longe...), barriga pra baixo para fortalecer os musculos do pescoco (elas ficam parecendo umas tartaruguinhas...), beijos na barriga antes de colocar a roupa, despertando nao mais apenas "sorrisos banguelinhos", mas verdadeiras gargalhadas!!!
Inclusive, elas ja reconhecem quando nos rimos para elas - mesmo sem fazer graca, cocegas ou barulho, e riem de volta, iluminando tudo...
Ai, nao posso nem pensar no que vai ser de mim sem minhas bonecas...

Wednesday, November 09, 2005

Direto de Vermont...



Ai, ai... Depois de dois dias colocando muita conversa em dia e cuidando muito de bebes e passeando um pouquinho por Miami, deixei a Dawn no aeroporto.
Dai ja fiquei toda jururu, um pouco por "saudade antecipada", muito porque parece que tudo agora ja comeca ter mais esse tom de despedida... Ainda bem que tinha um almoco gostosinho ja agendado e Ben&Jerry's + Chardonnay me aguardando em casa...
Que fofa ela ter "despencado" la de Vermont para passar esses dias comigo... De quebra, ainda fez meus pratos preferidos dos tempos de intercambio: Spinach-Ricotta Pie e Ginger Krinkles. E la se foram 4 ou 5 garrafas de vinho e 3 ou 4 estorias looooongas desenterradas...
Enfim, depois de quase 1 mes cuidando tanto das criancas, fez muito bem ser "cuidada" um pouquinho.

Dark Garden

I once had a garden filled with flowers
that grew only on dark thoughts

but they need constant attention &
one day I decided I had better things to do.

Brian Andreas


Tuesday, November 08, 2005

Fecha-te, Sezamo!

Eu tive medo de fechar a porta
e perder algum detalhe
Eu tive medo de ir embora...
(Antonio Cicero)


Em carta a um amigo, disse: "Ando tao envolta em ideias e pensamentos cheios de ganchos e portas (Links, para voltar para este seculo) (...) Sei la - talvez se fosse possivel, neste emaranhado todo encontrar uma ponta... nao sei se para comecar a desfazer o no, se para servir de ancora, se, simplesmente, para frear um pouco estes giros todos em torno de mim. Ou, mesmo que nao se encontrasse a tal extremidade do fio - quanta coragem sera necessaria para um mergulho no meio do furacao?"
Eh verdade que o furacao deixou como rastro um grande emaranhado. Mas o que eu tenho omitido eh que eu sei muito bem qual eh a ponta deste novelo. Talvez nao a ponta primordial, aquela que soh Freud explica, mas... com certeza o comeco deste novelo (novela??), e um pouco uma ancora sim, que eu deixei que me prendesse em mim mesma e girasse cada vez mais em torno de mim, como uma broca, cavando um vazio gigante, um verdadeiro fosso na alma, um medo absurdo de fechar a porta....

"Depois continuo a contar para mim mesmo, como se fosse ao mesmo tempo o velho que conta e a criança que escuta, sentado no colo de mim. Foi essa a imagem que me veio hoje pela manhã quando, ao abrir a janela, decidi que não suportaria passar mais um dia sem contar esta história de dragões.Consegui evitá-la até o meio da tarde. Dói, um pouco.
Não mais uma ferida recente
, apenas um pequeno espinho de rosa, coisa assim, que você tenta arrancar da palma da mão com a ponta de uma agulha.
Mas, se você não consegue extirpá-lo, o pequeno espinho pode deixar de ser uma pequena dor para se transformar numa grande chaga.
Assim, agora, estou aqui. Ponta fina de agulha equilibrada entre os dedos da mão direita, pairando sobre a palma aberta da mão esquerda. (...)"*
Foram tantos os ensaios para contar esta "estoria de dragoes"... Principalmente com essa minha nova vinda a Miami desta vez, 1,5 ano depois... Ainda em SP, todo um nervosismo. Um "Juliana:aconteca-que-acontecer-nao-olhe-para-o-lado-e-nao-fale-com-ninguem". Meu destino, nitidamente na fase experimental de seu PhD em Ironia Aplicada, coloca do meu lado um rapaz bem interessante, que puxa conversa descompromissada. Aproveito para exercitar minha cara de poucos amigos, abro uns devaneios de Bachelard e me fecho. "Sucesso"(??): a conversa morre ali. Chegando no aeroporto, angustia aguda, e como um filme, de novo, cada comentario doce, cada sorriso, cada brincadeira singela... Torco para nao ter fila na imigracao - nao sei quanto tempo suportaria estar ali, no lugar onde fui mais feliz... Por fim, aquele Abraco - "that incredible hug prior to our good bye" ... e depois eu indo embora, destruida, como se tivesse sido arrancado um pedaco de mim. Como se a partir dali nem houvesse chao, nem nada. Deixando pra tras aquele homem que parecia me conhecer antes mesmo que eu existisse, antes mesmo que eu me conhecesse, antes mesmo que eu soubesse... E eu indo embora, aos prantos, como se me despedisse do que parecia ser meu caminho, com um "esperanca de esperanca", certeza de alguma continuacao de conversa (qualquer que fosse), incerteza de qualquer outra coisa. "I don't know for how long I couldn't stop thinking about you" ele escreveria, nas semanas seguintes. I don't know either...
Logo de cara,"I don't know what to do - I just want to see you well and soon", " When would be a good time for me to visit?", " I remember when you went back to the tail of the plane, I've turn my had just to see you and even now, weeks and Km away from you, I get goosebumps just by thinking about you"... e cada palavra recebida, poderia ter sido escrita por mim, normalmente mais contida... E se seguiram outros e-mails, telefonemas, fotos, planos de ferias no Brasil. E eu mal acreditando nisso que parecia tao grande, na conexao brotada a bordo que nao se esvaia - pelo contrario: encontrava cada vez mais eco, ficava a cada dia mais tangivel... E eu "andando de maos dadas com o ar", gostando tanto!... e o que deveria acontecer no final de Julho virou inicio de agosto. depois final de agosto, inicio de setembro...


"Antes, antes ainda, o pressentimento de sua visita trazia unicamente ansiedade, taquicardias, aflição, unhas roídas. Não era bom. Eu não conseguia trabalhar, ira ao cinema, ler ou afundar em qualquer outra dessas ocupações banais que as pessoas como eu têm quando vivem. Só conseguia pensar em coisas bonitas para a casa, e em ficar bonito eu mesmo para encontrá-lo. A ansiedade era tanta que eu enfeiava, à medida que os dias passavam. (...)"*
... ateh que nao foi. Do inicio de setembro virou "sabe la Deus quando"... e os e-mail cada vez menores (em todos os sentidos), cada vez mais raros... ateh que nao foram tambem. E eu, simplesmente sem saber o que fazer: de mim, de tudo aquilo que foi crescendo dentro de mim, da falta de saber o que, de fato, aconteceu... mesmo que doesse (mais). Mesmo que... nem sei, agora.

"Tudo aos poucos começava a desabar. Feito dor, não alegria. Agora agora agora vou ser feliz, eu repetia: agora agora agora. (...)Naqueles dias, enlouquecia cada vez mais, querendo agora já urgente ser feliz. Percebendo minha ânsia, ele tornava-se cada vez mais remoto. (...). Tudo apodrecia mais e mais, sem que eu percebesse, doído do impossível que era tê-lo. Atento somente à minha dor, que apodrecia também, cheirava mal. Então algum dos vizinhos batia à porta para saber se eu tinha morrido e sim, eu queria dizer, estou apodrecendo lentamente, cheirando mal como as pessoas banais ou não cheiram quando morrem, à espera de uma felicidade que não chega nunca. Ele não compreenderia. Eu não compreendia, naqueles dias - você compreende?"*
Soh sei que eu, em circulos, fazendo eco agora soh mesmo dentro de mim - agora tudo tao vazio. Relendo e-mails compulsivamente para ter certeza de que eu nao havia inventado a estoria toda. Sem cumplices - nunca escancarei tanto essa estoria- preciosa demais para dividir a toa - indicio maximo do meu afeto (quando algo se justifica por se soh e nao pela euforia de sair contando), segui surtando sozinha. Afundando sozinha. Ficando doente - fisicamente doente, hospital e tudo. E tentando imaginar alguma forma de preencher os dias que tinhamos planejados juntos...

"Só quem já teve um dragão em casa pode saber como essa casa parece deserta depois que ele parte. (...)Mais triste: nunca mais nenhuma vontade de ser feliz dentro da gente, mesmo que essa felicidade nos deixe com o coração disparado, mãos úmidas, olhos brilhantes e aquela fome incapaz de engolir qualquer coisa.(...). No turvo seco de uma casa esvaziada da presença de um dragão, mesmo voltando a comer e a dormir normalmente, como fazem as pessoas banais, você não sabe mais se não seria preferível aquele pântano de antes, cheio de possibilidades - que não aconteciam, mas que importa? - a esta secura de agora. Quando tudo, sem ele, é nada. "*
"Tenho que sair, tenho que me divertir",repetia pra mim, tentativa desesperada, como se eu pudesse sair de mim mesma... Sem perceber que "Trair Ana, que me abandonara, doía mais que ela ter me abandonado, sem se importar que eu naufragasse toda noite no enorme corredor de transatlântico daquele apartamento em plena tempestade, sem salva-vidas."(Caio Fernando Abreu, in Ana sem Blues). Desacreditando dos rumos das coisas - eu que estava tao bem antes. Alias, nunca tinha estado melhor: contente com meu trabalho, com meu corpo, com minhas escolhas, com minha vida enfim! E mais confortavel dentro de mim, mais certa dos caminhos, finalmente colocando um ponto final num relacionamento longo que nao me fazia feliz.. Apogeu e queda, pensava. E a queda nao acabava nunca... se eu ao menos tocasse o fundo, seria um ponto de partida (Reconhece a queda/E não desanima/Levanta, sacode a poeira/E dá a volta por cima...) mas assim, na areia movedica... E, ladeira abaixo, soh me perguntava por que tudo isso...


"Hoje, acho que sei. Um dragão vem e parte para que seu mundo cresça? Pergunto - porque não estou certo - coisas talvez um tanto primárias, como: um dragão vem e parte para que você aprenda a dor de não tê-lo, depois de ter alimentado a ilusão de possuí-lo?
Os dragões não permanecem. Os dragões são apenas a anunciação de si próprios. Eles se ensaiam eternamente, jamais estréiam."*
E eu sentada ali na plateia, sem conseguir me convencer que o espetaculo tinha sido cancelado... Sem admitir que as vezes o show acaba mesmo quando nao se fecham as cortinas e a luz acende. Sem coragem de levantar - e se eu decido sair o e a apresentacao comeca? - fiquei ali, na plateia escura, ticket na mao - tantas outros espetaculos acontecendo, diziam! - e vontade nenhuma de arriscar, interesse nenhum por outros enredos. Agora, escrevendo, me veio a constatacao mais triste: imagino o palco, cenario todo montado, terceiro sinal, e os atores olhando para mim na plateia e decidindo que nao valia a pena. E, simplesmente saindo pelas portas dos fundos pra se apresentar para outras plateias. E eu ali, esperando explicacoes sobre o cancelamento, nova data ou sei la, o dinheiro da entrada de volta. Minha tranquilidade de volta. Minha alegria de volta.

Agora apenas deslizo, sem excessivas aflições de ser feliz.
As manhãs são boas para acordar dentro delas, beber café, espiar o tempo. Os objetos são bons de olhar para eles, sem muitos sustos, porque são o que são e
também nos olham, com olhos que nada pensam.
Desde que o mandei embora,
para que eu pudesse enfim aprender a grande desilusão do paraíso, é assim que
sinto: quase sem sentir. Resta esta história que conto, você ainda está me ouvindo?*

Um ano se passou. Um ano e quase tudo com gosto de "premio de consolacao". Um ano e, ontem, contando depois de tanto tempo esta estoria, eu ainda me abalo um pouco - o que me abala ainda mais. E agora, depois do furacao, depois de outros envolvimentos, depois de abandonar algumas plateias, ser abandona por outros atores...

"Fico cansado do amor que sinto, e num enorme esforço que aos poucos se transforma numa espécie de modesta alegria, tarde da noite, sozinho
neste apartamento no meio de uma cidade escassa de dragões, repito e repito este meu confuso aprendizado para a criança-eu-mesmo sentada aflita e com frio nos joelhos do sereno velho-eu-mesmo:
- Dorme, só existe o sonho. Dorme, meu filho. Que seja doce."*


Enfim, ai esta a estoria. a extremidade do novelo (uma delas, pelo menos). Um alivio grande por finalmente conseguir tirar ela de mim e uma certa tristeza. Alias, masi ateh uma "memoria de tristeza", ainda da constatacao de que "algo que supunhamos grande acaba e nao ha nada a ser feito a nao ser continuar vivendo"*. Entao respiro fundo e fecho de vez a porta. Nao que ela estivesse aberta, aguardando retorno, mas... sei la, fui adquirindo esse habito horrivel de olhar pelas frestas, sem muito motivo... quer dizer, acho que pra garantir que nao ha mesmo restos de ressonacias dentro de mim, mas tambem porque "Quando volto a pensar nele, nestas noites em que dei para me debrucar a janela procurando luzes moveis pelo ceu, gosto de imagina-lo voando com suas grandes asas douradas, solto no espaco, em direcao a todos os lugares que sao lugar nenhum"*. Esta eh a imagem que fica, embrulhada, com todo cuidado, em ternura e distancia necessaria. E portas fechadas, porque essas correntes de ar sao um perigo, ainda mais em tempos de furacao...

E pra terminar esta estoria toda confusa, soh mesmo emprestando um pouco de Clarice, num final de carta pra Fernando Sabino...
- "Dei um ar da tristeza? Nao, dei um ar de Alegria"
Porque, como disse um amigo, talvez os Dragoes nao conhecam o paraiso, mas o paraiso nao teria a menor graca sem os dragoes...
E, apesar de ter voltado muitas casas, nao endureci irremediavelmente. E percebi que tambem sei andar a galope, e cair, e levantar, e chorar e rir das estorias. E continuo preferindo a tempestade aa calmaria. E vou ter as melhores estorias pra contar para os meus netos...

* Todos os trechos ( a nao ser quando dito o contrario) foram extraidos do conto (no livro homonimo) "Os dragoes nao conhecem o paraiso" , do Caio Fernando Abreu. Livro esgotado, dificil de achar... se alguem quiser, eh soh dizer que eu mando copias...

Se eu tivesse mais alma pra dar...

Estrela Guia, por que chora?
Está chorando sem parar...
A estrela que clareia noite e dia
Hoje não pode clarear...

Saturday, November 05, 2005

Abrigo do vento

Dificilmente o vento encontra um tradutor competente
que não o transforme em brisa ou em dilúvio
- Fabricio Carpinejar -

Eu estou demorando um pouco pra publicar os "posts do meio do furacao". - aquela preguica tipica, depois que tudo ja foi tirado dos armarios e o que era mais automatico e obvio colocado no lugar ou jogado fora - fica tudo aquilo que demanda pensar sobre, escolher o melhor lugar e forma de guardar, digerir, destrinchar com cuidado pra nao "throw out the baby with the bathwater", mas tambem para nao guardar um livro inteiro por uma frase apenas que se gosta...
Mas quanto mais o tempo vai passando, mais dificil parece ser me mobilizar para este "trabalho" - eh um pouco como se eu me acostumasse com a casa baguncada: pulando um montinho ali, cobrindo uma baguncinha la... entretanto, nao quero "perder" o momento para desentulhar um pouquinho a casa - daqui a pouco eh hora de receber visitas again ( e no fundo, a gente nunca sabe quando cai alguem de paraquedas na nossa vidinha, nao eh mesmo?) Entao, maos a obra, ainda que assim, meio tarde, meio com preguica, meio sem gancho pra o comeco de conversa, meio sem graca, ateh...

Algum tempo atras eu disse que precisava trazer mais ar pra dentro, tao inundado estava tudo... Mal sabia que viria por ai um furacao, desses de arrancar telhados e arvores gigantes e jogar carros em cima de casas... Acontece tambem, que um furacao, longe de ser um vento que seca roupas no varal, eh um vento molhado, quando nao anunciacao de tempestade... neste caso, entretanto, o vento chegou ventando primeiro e a chuva veio soh de leve, alias, quase como um carinho, no melhor estilo " bate e assopra". Mas, obviamente, a paisagem ja nao era a mesma...
O terreno aqui ja estava bem mais seco - e, sem a umidade para ajudar dar peso aas coisas, tudo pode voar (ou nao pode evitar de voar) ainda mais alto. E foi uma verdadeira rebeliao de ideias - a imagem que me vem a cabeca eh a de um daqueles sorteios dde cartas na TV: minhas memorias todas embaralhadas e jogadas para o alto, enquanto o destino, ainda mais ironico que o de costume, soh assiste para ver como elas assentam, para ver minha cara com a sedimentacao ainda mais anacronica do que a anterior, ja tao embaralhada... Enquanto eu, ainda no " olho do furacao", cartas voando em torno de mim, em espiral, tento agarrar algumas estorias que nao quero ver soterradas, piso em outras que nao parecem ter o direito de permanecerem assim por cima, enfim, tento em vao estabelecer alguma ordem.... E, gavetas todas abertas, comeco a temer pelas associacoes (talvez ainda mais pelas disassociacoes!) de memorias - que podem virar do avesso sentimentos , relevar tropecos, rever afetos, quaisquer que sejam... Eu, que nunca confiei muito em pontos finais (que podem se unir a qualquer momento e se tranformar em reticencias), observo apreensiva e comeco a ver algumas das estorias que eu procurei/precisei encerrar mais abruptamente/dramaticamente, com varios pontos de exclamacao !!!!, se tornando as mais vulneraveis, com os "pausinhos" das exclamacoes sendo levados pelo vento...
Assisto a tudo com "mixed feelings": medo de deixar que aconteca, medo de nao deixar (como se eu pudesse!) E o mais confuso, ateh entao, essa incerteza de como me sentir em relacao ao que vier a sentir: cumplice ou vitima? Tenho pavor de ser vitima, o que me torna, por exclusao, cumplice. "E o diabo na rua, no meio do redemunho..."
E sem poder correr pra organizar ideias, trancada em casa e em mim, o vento quase, quase vira diluvio... E no escuro. Eu, noturna que sou, precisando me comunicar que estava, dei pra escrever cartas. Que, obviamente, estou demorando a enviar e que ja sao um retrato muito defasado de mim. Porque "Ultimamente tem passado muitos anos" (Rubem Alves).

Tem jeito de requentado este post. Nao ha mais muita emocao genuina ( ateh ha - roubei pedacinhos de algumas cartas!) mas sim um esforco de resumir tudo, registrar "porque sim". Nao presta muito pra nada, mas vai assim mesmo - tenho pena de jogar fora e quanto mais tempo passar, mais requentado fica. Ou talvez seja simplesmente o vento transformado em brisa... E eu pouco acostumada a climas amenos, estranho...E me confesso mediocre tradutora do vento.

Mas, se "O espaço é a acumulação desigual de tempos" (Milton Santos), o que se dirá da memória, então? Fato eh que, enquanto a paisagem/ memoria se forma - e voce dentro dela- nao dah muito para ter a dimensao de como as coisas estao se sobrepondo, se consolidando... e talvez soh mesmo um furacao para tirar tudo do lugar e obrigar/permitir um redesenho do relevo...
Mas entao soprou o vento, que sopra onde quer,e a condenada sentiu
o assombro de haver nascido e a curiosidade de viver.
Viver so jeito que desse, onde desse, no tempo que fosse:
as horas de borboleta, os dias de mosca,os séculos de tartaruga
.
- Eduardo Galeano -

hide & seek

I was never good at hide and seek because I'd always make enough noise so
my friends would be sure to find me.I don't have anyone to play those games with
any more, but now and then I make enough noise just in case someone is still
looking and hasn't found me yet.
Brian Andreas

Thursday, November 03, 2005

E la vou eu e meu guarda-chuva...

Filosofia Barata

(...) Tudo pode ser ou nao ser. Ninguem sabe nada e o espirito humano eh um saco de imprevistos. Ninguem conhece ninguem; pois a pessoa que eu julgo mais intimamamante conhecer, ate o minuto exato em que escrevo esta cronic, pode se tornar para mim, no minuto seguinte, um ser incompreensivel, absurdo, inconsequente e ilogico. Ninguem conhece ninguem.
E por isso, repito:sejamos docemente ceticos e deixemos a vida correr. Ela correra como bem entender, hoje placida e boa, amanha tumultuosa e irrespiravel; nao somos nos os responsaveis por essas transformacoes, como nao temos culpa de que um belo dia de primavera se transforme numa tarde de tempestade. Verifiquemos o fenomeno com curiosidade, no maximo com um pouco de emocao e tenhamos a prudencia elementar de andar munidos de guarda-chuva, mesmo nos dias de sol.
O mal de muitos homens eh que andam sempre sem guarda-chuvas. Isto eh: desprotegidos. Acreditam que o tempo eh camarada, nao vai mudar, o ceu azul sera sempre azul, acabam tomando uma tromba d' agua na cabeca.
Hesito no titulo que deveri dar a esta cronica, pois nao sei bem se tudo que vai ai escrito se aproxima de filosofia barata sobre as incongruencias da vida ou simplesmente de algumas digressoes praticas sobre a utilidade permanente desse desprezado complemento do homem - o guarda-chuva.
O que, bem pesadas as coisas, vem a dar na mesma, pois todo guarda-chuva pode ser o comeco de uma filosofia.

(Luis Martins - in
Ai vai meu coracao - Cartas de Tarsila do Amaral e Anna Maria Martins a Luis Martins - livro lindo, lindo, emprestado pela Malu, com muitos trechos prestes a pipocar aqui...)

Importante lembrar que o guarda-chuva eh para se proteger de temporais- e nao deve ser portanto usado como arma ou para se esconder do sol. Nao deve tambem, literalmente "guardar a chuva" - deve permitir apenas que se brinque na chuva sem tanto medo,ou que se possa esperar que ela passe sem se molhar demais, se for esa a intencao. Outro cuidado eh nao se apegar ao guarda-chuva, a ponto de permitir que ele cresca em importancia, tornando ilusoriamente desnecessarias as caminhadas ao sol (como aquela
Ausencia, do Drummond) ou, se perdido, esquecido em algum lugar (como acontece sempre com os guarda-chuvas), acarrete grandes melancolias...

Mas, guard-chuvas a parte, acho que meu desafio eh muito mais voltar a ser "docemente cetica" ao inves de ironicamente cetica, como tenho sido...

fantasmas e saudades

Eu tinha tanta vontade de ser um fantasma e ficar atras das pessoas que estao pensando junto de uma mesa e soprar um animo, uma palavra. (...)
Ai voce diria, como se fosse seu proprio pensamento: como eh bom trabalhar, como eh bom construir, etc. Mas acho que tambem faria brincadeiras, esconderia coisas e riria dentro das pessoa: as pessoas iam dizer: nao sei porque estou rindo!

(Clarice Lispector, em carta pra Fernando Sabino)

Transformo tao menos do que deveria meu carinho em acoes, as vezes - por respeito, por preguica, por falta de jeito mesmo... E tem umas pessoas tao queridas, que talvez nao tenham a dimensao do meu afeto. E, sem que se perceba, criam-se as vezes umas distancias bobas, um "nao sei por onde retomar a conversa" tao bola de neve... Nesses casos, eu fico querendo ser esse "fantasma" pra ir quebrando o gelo, anonimamente... Outros amigos, mais proximos, que eu percebo apreensivas- e eu queria muito poder "rir dentro deles"... Tem alguns que foram tao importantes e, por essas trapalhadas que as pessoas fazem, que eu faco tanto, estao longe agora (pra sempre?) e eu queria ter certeza que estao bem, que sabem que eu quero bem, mesmo nao podendo/querendo/sabendo estar perto.
Mais que tudo, eu queria ser esse fantasma pra cantar para embalar o sono, ajeitar as cobertas se estiver esfriando e sussurrar pra dentro dos sonhos que esta tudo bem, que vai dar tudo certo. Pra visitar quem esta longe. Pra plantar a certeza do quanto eu gosto no coracao das pessoas queridas.
(As vezes, eu queria ser esse fantasma pra mim mesma)

Wednesday, November 02, 2005

- o que nao pode eh deixar o futuro atrapalhar...
disse, mais ou menos assim, um amigo, hoje, no meio da conversa mais descompromissada do mundo. E viajamos em torno da frase quase a tarde toda...
Agradeci o presente e pensei com os meus botoes: - nem o passado...
E, enquanto escrevo, penso: muito menos o passado...

Tuesday, November 01, 2005

Dia de Bruxas e Sacis


E ja que eh Halloween e as criancas invariavelmente viriam "Trick or Treat" na nossa porta, eu e Lu resolvemos recebe-las vestidas de bruxas - e com as gemeas de pimentas vermelhas!!!

Para o Lucas, tinhamos planejado essa fantasia super fofa de Ursinho Puff disfarcado de abelha, mas na hora mesmo ele nao quis saber de tirar a fantasia de chines que usou na festa da escola... e se ele estava mais feliz assim eh o que importa - mas eu resolvi colocar aqui essa foto porque ficou a coisa mais doce deste mundo...
As aboboras ja estavam "esculpidas", as arvores disfarcadas...
Enfim foi bem pitoresco...

By the way, eu nao gosto nada, nada de comemoracoes de Halloween no Brasil - tao "nao nosso"... - ja o o "Dia do Saci" eu tenho achado uma ideia formidavel... que eu espero alguem ai tenha aproveitado a bagunca (passeio "saciclistico" e tudo mais...) em Sao Luiz do Paraitinga...