Thursday, November 03, 2005

E la vou eu e meu guarda-chuva...

Filosofia Barata

(...) Tudo pode ser ou nao ser. Ninguem sabe nada e o espirito humano eh um saco de imprevistos. Ninguem conhece ninguem; pois a pessoa que eu julgo mais intimamamante conhecer, ate o minuto exato em que escrevo esta cronic, pode se tornar para mim, no minuto seguinte, um ser incompreensivel, absurdo, inconsequente e ilogico. Ninguem conhece ninguem.
E por isso, repito:sejamos docemente ceticos e deixemos a vida correr. Ela correra como bem entender, hoje placida e boa, amanha tumultuosa e irrespiravel; nao somos nos os responsaveis por essas transformacoes, como nao temos culpa de que um belo dia de primavera se transforme numa tarde de tempestade. Verifiquemos o fenomeno com curiosidade, no maximo com um pouco de emocao e tenhamos a prudencia elementar de andar munidos de guarda-chuva, mesmo nos dias de sol.
O mal de muitos homens eh que andam sempre sem guarda-chuvas. Isto eh: desprotegidos. Acreditam que o tempo eh camarada, nao vai mudar, o ceu azul sera sempre azul, acabam tomando uma tromba d' agua na cabeca.
Hesito no titulo que deveri dar a esta cronica, pois nao sei bem se tudo que vai ai escrito se aproxima de filosofia barata sobre as incongruencias da vida ou simplesmente de algumas digressoes praticas sobre a utilidade permanente desse desprezado complemento do homem - o guarda-chuva.
O que, bem pesadas as coisas, vem a dar na mesma, pois todo guarda-chuva pode ser o comeco de uma filosofia.

(Luis Martins - in
Ai vai meu coracao - Cartas de Tarsila do Amaral e Anna Maria Martins a Luis Martins - livro lindo, lindo, emprestado pela Malu, com muitos trechos prestes a pipocar aqui...)

Importante lembrar que o guarda-chuva eh para se proteger de temporais- e nao deve ser portanto usado como arma ou para se esconder do sol. Nao deve tambem, literalmente "guardar a chuva" - deve permitir apenas que se brinque na chuva sem tanto medo,ou que se possa esperar que ela passe sem se molhar demais, se for esa a intencao. Outro cuidado eh nao se apegar ao guarda-chuva, a ponto de permitir que ele cresca em importancia, tornando ilusoriamente desnecessarias as caminhadas ao sol (como aquela
Ausencia, do Drummond) ou, se perdido, esquecido em algum lugar (como acontece sempre com os guarda-chuvas), acarrete grandes melancolias...

Mas, guard-chuvas a parte, acho que meu desafio eh muito mais voltar a ser "docemente cetica" ao inves de ironicamente cetica, como tenho sido...

1 Comments:

Anonymous Anonymous plantou esta semente...

Saudades de você
Ainda mais hoje que estou precisando de uma boa amiga e muitos chopes

2:04 PM  

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