Tuesday, March 07, 2006

Epílogo

"São apenas andaimes, que podem ter ajudado (...), mas que devem ser retirados, obra acabada. (...) Todo mundo sabe que um contrutor constrói uma casa para outra pessoa morar e para isso pôe na construção uma placa com seu nome - mas depois de pronta, não é preciso placa nenhuma para todo mundo saber que alguém ( que não mora ali) a contruiu. (...) O importante não é dizer, é saber. Certas coisas não se dizem, porque dizendo, deixam de ser ditas pelo não-dizer, que diz muito mais. O importante é que todo mundo saiba que o rei está nu, e não diga nada, para que uma criança possa dizer, "olha, o rei está nu!" lembra-se da estória? Imagine o desfile do rei nu com uma faixa na frente anunciando: 'O REI ESTÁ NU' "
Fernando Sabino
Enfim, depois de gritar loucamente que O REI ESTÀ NU, depois de espirrar mágoa por todos os lados, e me expor tanto e fermentar por dentro, e conseguir deletar msg e contatos e aposentar definitivamente a "patética detetive da internet" e me machucar, e machucar quem ousou se manter por perto, e depois de digerir tudo e chegar expulsar de mim, inclusive pelos poros!!!!, e ter que trocar de pele até e entender mais ou menos ( ou inventar um porquê!) ao que veio tudo e depois de voltar a aprender a me fazer feliz, e aprender a me deixar fazer feliz, e ser feliz, e me manter feliz...

Apesar de ter sido tão importante esta cumplicidade comigo mesma e com algumas ( poucas!) pessoas queridas nestes últimos meses... mais importante que tudo, o diálogo sensível com minha mãe, a conversa abaixo da superfície com os visitantes mais insistentes, o carinho desinteressado regando o jardim a conta gotas... o fato é que este solo está muito encharcado ainda, ainda com muita erva daninha assombrando mesmo que só em memória, e as sementinhas e plantas que venho cultivando são das mais delicadas, e gostam de sol e brisas da manhã... Então é preciso guardar esses ontens todos - tão perigosos para esse hoje tão novinho...

Valeu por segurarem as escadas durante a reforma da casa, por armarem a rede de proteção e me convencer que era seguro subir mais um andar.... mas chegou a hora de tirar os andaimes ( não confundir amuleto com muleta) e receber visitas... só as que fazem bem, que trazem ramos de sol, que têm talento para cuidar...
E as janelas estão abertas, tem um banco no quintal, biscoitinhos saindo do forno., "A Barca" tocando e Xingu na geladeira.

"É hoje. Todo ontem foi caindo
entre dedos de Luz e olhos de sonho.
Amanhã chegará com passos verdes.
Ninguém detém o rio da aurora.
- Pablo Neruda -

Enfim: final desses Transbordamentos, eventualmente, início de "Um canto para uma semente"
(ainda bem sem certeza, sem urgência alguma... mas muito provavelmente, até porque "não sei exprimir minhas emoções senão trocando em miúdo, no varejo das pequenas coisas" Fernando Sabino )

Espero a visita de vocês, de verdade, na minha casa de verdade. Para conversas ao vivo, vida ao vivo. E agora.

(Ouvindo - Mais e Menos/ 22-11 - O Teatro Mágico)

Prenda minha, tu me faz bem
Muito aquém do que eu mereço...
Mais eu desejo que esse bem assim
Feito agua em pote
Faça umedecer um coraçao que sofre
(Ceumar)

Monday, March 06, 2006

Memórias Póstumas de quase amores...(????)

Revirando tudo - fotos, cartas e, principalmente pensamentos... como se faz periódicamente porque sim, como faço o tempo todo por não saber ser de outro jeito, como se é obrigado a fazer quando se muda de casa...

Me pego tentando encontrar o porque de cada pessoa que passou por aqui nos últimos tempos... E é um esforço me livrar da culpa católica e da mania de me achar roteirista de um teatro de fantoches para, simplesmente, obseravar com cada barco atracado movimentou a superfície, o quanto movimentou ou não as profundezas e o que as marolas formadas trouxeram para a orla...

O eco sempre mais importante que o fato, como eu gosto de acreditar e repetir...

E percebo que ter tido alguém que teve tanta certeza que queria estar comigo para sempre , e mesmo depois de estar comigo, e durante tanto tempo, e tendo mudado tanto sua vida "por mim" fez toda a diferença. Pra me dar a segurança de sim, ser possível que alguém queira estar comigo "pra sempre" - mesmo que neste caso, a calmaria fosse quase um convite ao suicidio. E também para eu entender de vez que, não importa o quanto uma pessoa goste de outra -isso não faz com que seja recíproco. que amor incondicional é tão aterrorizante quanto amor nenhum. E que esse amor exacerbado acarreta uma ditadura de gratidão, ao mesmo tempo que permite que você se torne uma pessoa pior, cada vez pior...

E que conhecer alguém, na medida dos meus sonhos, e me apaixonar tão loucamente e me deixar quase enlouquecer... ao menos me ajudou a ter a dimensão de quanto eu sou capaz de sentir. e então lembrar de não me contentar com nada que seja muito menos que isso. Ou, ao menos , não deixar que ninguém pense que é muito se for tão menos que isso... Por outro lado, me obrigou a me re-estruturar muito, já que abalou todas as estruturas... e permitiu que, mais de uma ano depois eu pudesse quase maduramente recusar os galanteios, me ensinando a pensar mais em mim. Mesmo parecendo renúncia...

Um lunático, forçando a admitir que se eu não estiver inteira, vou continuar me rodeando de gente em frangalhos... e lembrando que eu não devo nunca, nunca deixar minha intuição de lado - mesmo que eu não saiba explicar o que há de errado, mesmo que escute repetidas vezes "mas porque não? ele parece gostar tanto de você"...

Um amigo de longa data, que, a um preço alto demais, mas ainda assim... talvez tenha sido a única forma de eu ter coragem de me envolver de novo - tão escaldada eu estava... porque se fosse alguém que eu confiasse menos, jamais teria acontecido naquele momento, que eu definitivamente não precisava... e, se não fosse alguém que eu confiasse tanto, jamais teria deixado me machucar como machucou, mas enfim... c´est la vie... e também fez lembrar que não importa o quanto você tome cuidado com os outros, nada, nada te protege que sejam careless e irresponsáveis com você, de que afiem ostensivamente as facas com as quais você confessou que se mutilou nos últimos tempos, que assistam, sem tomar a menor atitude, você continuar se mutilando.. E lembrando que, por ter começado muito inteira, por contraste, o tombo vai pareceu muito maior - porque, ladeira abaixo, as vezes é quase impossível separar o joio do trigo.

Um filósofo, que me pegou no colo, e trouxe tanta poesia e ressucitou o diálogo sensível e ajudou a desintoxicar tantos lugares. Um princípe mouro, que me fez sentir bonita, que resgatou pequenas delícias e ajudou a desintoxicar meu corpo.
E que me deram a mão;
me presentearam com poesia e cartas e ternuras e "adeus";
mostraram horizontes inusitados;
me ensinaram a andar de moto;
e a não respeitar os limites;
ou a respeitar os limites;
e me levaram para dançar;
e disseram que era bom que eu existisse;
assistiram o tempo passar rápido junto;
que estiveram à disposição pra fazer bem, que ligaram com as piores intenções, que me reprovaram na entrevista... e não entenderam nada, e me deixaram sem entender nada...

Enfim - este é o raio X do que foi, isso é o que ficou...
E fiquei eu - tão mais forte e corajosa, e já menos irônica embora ainda muito, muito cética. E tão segura de ter tanta gente querida em volta que todos esses mini-affairs parecem Irrisórios. Irrevelantes. Pequenos. Patéticos.
Então, pra desentulhar de vez a alma, ficam aqui também fragmentos angariados e nunca postados... porque precisei esperar que eles deixassem de carregar tanto sentido para ser apenas a fotografia desbotada de um momento, sem muitas ressonâncias na alma.
aliás, não só os trechos... com alivio e tristeza, o tempo fez com que as próprias pessoas deixassem de carregar tanto sentido.


E com a maior das alegrias, agradeço por ter aprendido, a duras penas!!! , a conquistar "a graça de deixar ir embora sem que o sangue nas minhas veias entre na contramão". (Allan da Rosa)

E quase nada poderia ser melhor do que isso.
"..sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e, se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?" Caio Fernando Abreu
........

"Odeio pessoas que dizem ' mas todo mundo sempre se apaixona por mim'. Parece a perua da Jessica Lange seduzindo a Dorothy em "tootsie" só para depoir rejeitar, fazer cara de santa dizer " ´magiiina, eeeeeeu?". São jogos do ego, que eu conscientemente não alimento, me recuso: é uma questçao ideológica. Relações humanas são outro papo. Minha maior insegurança é justamente isso: estar (eu) alimentando um ego ávido"
Caio Fernando Abreu
........


Eu, que chamava de amor a minha esperança.
(...) E quero saber se a esperança era uma contemporização com o impossível. Ou se era um adiamento do que é possível já - e que eu só não tenho por medo. Quero o tempo presente que não tem promessa, que é, que está sendo. Este é o núcleo do que quero e temo. Este é o núcleo do que eu jamais quis. E a mim - quem me quereria hoje? quem já ficara tão mudo quanto eu? quem, como eu, estava chamando o medo de amor? e querer, de amor? e precisar, de amor?
Clarice Lispector
........

"sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo meu deus como você me doía de vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando e pensando 'meu Deus mas como você me dói de vez em quando'." Caio Fernando Abreu
Favor
Allan da Rosa

Não me apresente mais nem um passo do teu caminho
Não me liga, não me procura, não me arranca tão facinho do meu casulo
Eu fora, da tua pechincha
da veia aberta que você abre e trilha no continente
Você não mais, não
Cintilando no meu pensamento.
Não me apareça mais com teu sorriso de delicada criança
Nem com tua garra presença, amor
tapando cada poro meu.
Teu sonho me varando o peito.
Recordações...
Nosso corpo inventado, nossa alma arrebatada
Nosso vigor, nossa irmandade,
Nossa delícia, nossa saudade


Qua se dane essa ficção
de nós... já era...!...
Nós. Dois nós desatados, desenlaçados
Agora?
O patuá saiu do pescoço.
Em cada peito uma moenda (...)
Não vamos confundir amuleto com muleta.
Não me ligue.
nao deixe cheiros, nem panos.
Nem recados singelos.
com tua voz me desejando
BOM DIA! ou TE GOSTO! ou LEMBREI DE TI: QUIS TE DAR UM
ABRAÇO.
Colorindo a fala, longe, um suave sotaque de indecisão
FIQUEI COM VONTADE DE PARTILHAR COM VOCÊ O QUE VI HOJE....
Não me envia acenos, não envia...
Desvia, desguia
Segue tua Lua crescente, que sei, é tão alumiosa
Dança na passagem...
Segue tua estrela- Guia...
Cria...


Não me mande à Noite a promessa de um dia
Não me afaga tua noite, lã e polvora, de leve em minha pele
Você Sol, me deixe
com as valorosas estrelas vaga-lumes
e são tantas, que repicam
e quase queimam, quase mostram
quase ferem o alimento

Você Sol!, me deixe com essas sublimes estrelas, que no mapa dp céu me indicam nortes e lestes e comovem e sussurram...
gritam... quando ergo a cabeça buscando o horizonte
Você Noite, que eu algazarra e me cafuné
Você noite de filosofia
Não me lembre dos teus buquês e ruas de vento onde posso voar
Não me telefone, não me escreva mais
Diga. Frise. Seja direta. Diga que não precisam
dar notícia que te viram, nem perguntar de ti.
Me deixa conviver
com a certeza da minha
da nossa
Burrice
em não se parear de vez.


Tenho certeza que talvez irá passar.

Carnaval dos improváveis ou o Melhor Carnaval dos últimos tempos!!!!!!

A trupe dos improváveis - improvavelmente !!! - foi aumentando a cada dia e todo mundo tão no mesmo pique que tudo foi motivo para alegria e risadas e teorias... como a do Appeal, Approach e 'A pegada!' O questionário de screening do Harry Potter foi exaustivamente testado, e rolaram estripulias dignas dos tempos aureos da adolecência...

A mini aflição de talvez dar de cara com o passado sumiu enquanto criou-se a teoria do menino-camaleão... (mas ele é carnavalesco? hum... depende da menina que ele está agora... na minha época parecia que gostava de cultura popular...)

E a estratégia de "na dúvida, diga que desperdício"...

E então nós, improvavelmente acampadas a 2 quadras de copacabana e 4 da praia de Ipanema, Blocos cruzando improvavelmente nosso caminho o tempo todo, uma festa constante para os olhos - paisagem e mocinhos... o que aliás, nos levou a entender bem o nome do bloco "Céu na Terra"...

E lá fomos nós, atrás da Banda de Ipanema, do Empolga às 9, do Cordão do Boitatá, atacando de comentarista na Sapucaí, do Céu na Terra em Santa Tereza, e na Lapa, tanto...

Enfim, tratamento dermatológico feito, abençoada por Jesus Cristo e de alma mais que lavada...
Essa vida sabe ser absurdamente boa quando a gente deixa...

Thursday, March 02, 2006

novos habitantes



Devagarzinho, vão sendo incorporados na casinha novos habitantes...


Minhas cirandeiras , a bailarina feita de cabaça ( tão "eu" que quase assusta!) um caracol ( que fui eu, durante tanto tempo...)

Reparem no Piano aberto... sim, tirei os livros dos armários e tenho tocado... ( quer dizer...) vamos ver se é puro fogo de palha ou se eu me animo mesmo... Já a "pilatagem do fogão" já foi retomada, a todo vapor... E hoje, recebo o pessoal para comer umas tapiocas...

Estou tão feliz que quase assusta.

By the way, o Carnaval foi perfeitíssimo - com direito a um efetivíssimo tratamento de pele, que encerra - graças aos céus!!! - a "Epopéia Dermatológica" !!!!

Thursday, February 23, 2006

Contra o Mal olhado eu carrego meu patuá...

Então numa quarta feira, parece que minha energia foi tirada com a mão.
E eu sem saber o que fazer para me sentir melhor, encontro o que fazer para me sentir piro...
Então vasculho o presente de dragões do passado até ameaçar voltar a doer... talvez para ter certeza que a cicatrização está bem feita, talvez para assustar na eminência de criar outro Dragão, talvez para saber que já criei couro o suficiente para me lançar de novo...

Muito porque eu odeio não saber a origem do que eu sinto - então preciso encontrar um motivo para minha tristeza. Porque aí eu tenho pistas de como resolver.

Mas, muito mais provavelmente, porque conheço meu fôlego e sei que nada me adianta permanecer no meio da coluna d´água, tentando subir, enquanto sei-lá-o-que me empurra para baixo... então é força pra descer, impulso no fundo e força pra subir.

E volto à tona, de alma lavada, sensação boa de depois 8 km de corrida, alívio e cansaço.
Tranquilidade de ser dona das minha escolhas, das minha tristezas até! e de conhecer os antídotos para os venenos que onheço os antídotos para muitos dos venenos que me servem e dos quais eu me sirvo, quando não aguento ser feliz por inteiro.

Tuesday, February 21, 2006

Vista da Janela

Nada mal para quem gosta de janelas como eu...

Enfim, quase completamente "instalada", o esforço agora é todo de "concentrar-me".

Nada a ver com "atenção focada para a resolução de problemas" e sim uma unificação de centros... Porque passei anos e anos me espalhando por muitos lugares e me dividindo entre muitas pessoas e agora preciso me reunir em mim mesma, resgatar minhas coisas nas casas todas, continuar escolhendo a dedo as pessoas que quero em volta.
E revirar os guardados força a olhar para trás, digerir o que foi engulido a seco (sapos, principalmente), re-plantar sementinhas esquecidas (algumas, escolhidas a dedo também).
E com saudade e alívio, me despeço de tanta, tanta coisa que quase não sei como lidar com essa leveza súbita....

"Quando penso no que já vivi me parece que
fui deixando meus corpos pelos caminhos"

(Clarice Lispector)

A intenção é de "con-centrar", mas não de fixar o centro.
Nem de eliminar órbitas... quero apenas "orquestrar" melhor esses caminhos para compor um móbile mais harmônico, com órbitas menos alucinadas e aleatórias, sei lá, algo que lembre um pouco "anéis de saturno" ( licença poética total - não entendo nada da natureza dos anéis de saturno...).

O importante é que estrelas cadentes continuarão bem vindas. Sempre bem vindas.
E brisa, para fazer o centro velejar e o móbile balançar com graça...

Wednesday, February 15, 2006

Como é que pode estar tão feliz e tão confusa?
Tão serena e tão aflita?
Com tanta saudade e querendo tanto ficar sozinha?

Preciso não ter que ir a lugar nenhum, nem receber ninguém, nem falar muito.

Preciso poder passar o dia de pijama, arrumando as coisas, escolhendo o que e onde guardar.
E - importantíssimo - o que jogar fora.

Preciso não ter que me arrumar para sair, nem arrumar a casa para receber visitas - para poder me arrumar para ficar em casa.
Preciso desesperadamente de tempo.
Mais que isso, preciso de tempo contínuo.

Estou feliz - o que faz todo e nenhum sentido.
Passou o surto da sexta, mas não soube fazer companhia na segunda.
Depois da fase de gengibre, entro numa fase completamente Alecrim.
E talvez seja sábio incluir um pouquinho de arruda, que nunca é demais.

these are multiple shadows because there were a lot of things she walked away
from without a word of explanation when she was younger & she still thinks
about them more than she needs to

Brian Andreas

Saturday, February 11, 2006

Caixa de Pandora

Sem querer (!?!?!?!) mandei a msg da minha casinha nova para uma lista de E-mail maior que eu tinha a intenção.
E ela foi parar na Venezuela.
E hoje chegou a resposta.
E eu não consigo fazer nada, nem ao menos decidir o que fazer.
O impulso inicial é escrever, responder correndo, mais doce do que devo, esquecendo o tamanho do precipicio.
Por outro lado, tentação de acreditar que não é mais um precipício... e lembro de, quando tudo foi esmorecendo, eu brava porque com esse final tosco não havia como manter contato e afinal eu o achava joia o suficiente para querer manter como amigo.
Será?
Quem você está tentando enganar, Dona Juliana?
Você mal dá conta dos seus amigos - reais, próximos, queridos - será genuino mesmo este impulso de amizade?
Quanto tempo mesmo você manteve suas estórias de pano de fundo? Dos 14 aos 21, dos 18 aos 22, de 21 aos 24 anos... Quantas estórias você foi capaz de arrastar em paralelo nesses anos todos? Que usou de desculpa pra não se envolver de verdade com ninguém?
E quantas portas entreabertas você fechou nos últimos meses? E a que custo?
Foi pra isso que você passou o coração a limpo?
Pra isso esse empenho em resolver todos os mal entendidos, colocar cada pessoa em seu lugar, se despedir de tanta gente pra sempre?
Que aflição um simples e-mail ainda conseguir fazer o coração sair pela boca, me deixar transtornada a ponto de não conseguir fazer nada direito esta manhã...
Então estou aqui, escrevendo loucamente, um pouco para vocês me "vigiarem", muito para conter o impulso de responder o e-mail.
É como se durante muito tempo eu tivesse desejado ter ,sei lá, uma bicicleta, onde pude, no máximo,dar algumas voltinhas.
E agora ela está ali, na minha frente.
Muito provavelmente, de novo, só para eu dar umas voltinhas.
Mas ela ali faz com que eu queira acreditar que está ali pra mim e esqueça que ela não será minha nunca.
E esqueça que, a esta altura do campeonato, eu não quero porcaria de bicicleta nenhuma...
Eu e meu eterno vício de alimentar Dragões.
E, depois de um período razoável de abstinência, aqui estou eu frente a frente com meu vício.
Como um suicida que observa o armário onde estão as armas..
Preciso - muito - saber me aguentar - ou para quem pedir ajuda.
Porque na última vez que eu me confessei suicida, assisti um amigo afiar, ostensivamente, as facas que eu usava pra me mutilar.
Preciso sair do computador, preciso ao menos me afastar da caixa de pandora.
Até porque, com a faxina que andei fazendo, tem muito espaço para ser ocupado pelo interior dessa caixa...
Ainda bem que é sexta, tenho um casamento para ir, uma casa pra cuidar, amigos pra receber...

Wednesday, February 08, 2006

Fase de muda

Janeiro foi um mês dos mais quietos - mesmo o reboliço interno foi silêncioso...
Só saí de casa para estar com pessoas que muito, absurdamente queridas. ( ou extremamente insistentes!)
Até a epopéia dermatológica contribuiu para a reclusão...
Minha total falta de disposição para conversas sobre o Harry Potter e afins fez com que eu escolhesse simplesmente me abster de algumas conversas. Afinal, o que responder quando se escuta "o carinho dos pais é fundamental para os bebês"? tipo do comentário não ilumina uma idéia, não emite uma opinião, não faz rir, não inicia um assunto, não muda o jeito de pensar... o que não quer dizer que só existe espaço para conversas sérias e densas... a bobeira pura e deliberada é mais que bem vinda... o que me incomoda é o senso comum dito como uma pérola de sabedoria (à la "férias são importantes para resgatar a criança que temos em nós"), que não agregam nada, simplesmente marcam território...
E tudo isso, e outras coisas, e o manejo de espinhas alucinadas... pouquíssima vontade de estar com as pessoas e simultânea saudade de estar com as pessoas. Um quase emputecimento com convites que eu não sei recusar e que fazem com que eu me sinta menos dona do meu tempo...
Ainda bem que tem sempre um olhar de fora ajudando a pensar: fato é que eu não estou acostumada a não querer muito estar com as pessoas.
Então me sinto culpada. E pouco amiga.
Como se fosse um crime precisar de tempo pra se(me) juntar.
Eu que insisto em repetir que ninguém tem obrigação de ser feliz e radiante 100% do tempo, demoro a aceitar que não sei ser 100% amiga 100% do tempo.
Como se fosse possível se dar estando pouco inteira.
Enfim...
Precisei sumir um pouco.
Preciso ainda.
Preciso saber que vocês estão aí para quando eu voltar. Porque, desta vez, sou eu que preciso que não desistam de mim.
Que eu tenho essa felicidade latente ,mas tão frágil que quase deixa de ser quando falo nela - e por isso eu guardo.
Porque o semestre passado foi de muita exposição - porque eu precisava de ar e sol pra secar feridas - e como tinha formado "casco", podia me expor.
Agora, em fase de muda, vulnerável, vulnerável, precisei ficar quieta.
Que importante ter uma casa pra me sentir segura pra abandonar couraças, trocar de pele ( mais literalmente impossível!!), despir a armadura que antes protegia mas passou a limitar movimentos mais interessantes e espontâneos.
E que medo! de virar meio eremita, de me apegar a esta vulnerabilidade, como me apeguei à armadura, de deixar passar tempo demais, de deixar passar.
Por isso o convite apressado, metendo os pés pelas mãos, convidando, meio sem convidar, visitas.
Porque, mesmo que neste momento me incomode, preciso que apareçam os convites, preciso que me lembrem que há vida lá fora que eu preciso deixar de ser "gato escaldado".. porque, como boa caranguejeira antes da muda, fiz uma trincheira de pelos urticantes que eu terei que recolher em algum momento, porque visitas chegam, do outro lado do oceano, este final de semana mesmo, fezendo bem espero...

Tuesday, February 07, 2006

ai,ai,ai...

Tudo tão bem, epopeia da pele quase no fim...
Como explicar o surto no homeopata ontem?
E foi realmente um surto - estava ótima indo para lá, cantarolando pelas ruelinhas da vila...
Foi só entrar na sala e consolidar o mês de janeiro pra desbaratinar tudo... como se eu olhasse para dentro e estivesse tudo um pouco embaçado. Como se eu assistisse um rodamoinho, naquela aflição que, do nada, ele tragasse para dentro o meu móbile encantado.
Catarse feita, homeopata assustado ( e emputecido/ desolado por eu ter tomado antibiótico!!), sai de lá, de novo, ótima, cantarolando pelas ruelinhas da vila...
Vai entender...

Friday, February 03, 2006

Simplesmente

02 de fevereiro - dia de Yemanjá.
Fui ao Obá onde estava rolando um cardápio especial e um barquinho coletando pedidos que serão levados ao mar neste final de semana...
Surpresa: não sei o que pedir. Não porque eu queira muitas coisas - exatamente pelo contrário: não quero nada.
O que me causa estranhamento - não ando exatamente eufórica, portanto deveria ter tonaladas de pedidos na manga.
Mas não.
Engraçado como as vezes a gente precisa de coisas assim prar constatar que está simplesmente feliz.
Então pedi simplesmente pra saber aproveitar esse momento, móbile sereno de alegria calma.
Pra saber manejar o meu apego a este móbile, meu pavor de qualquer coisa que bagunce este o equilíbrio tão frágilmente orquestrado.
Pra saber não deixar minha familiaridade/ saudade de tormentas e vendavais acabar criando tempestades em copos d´água.
Pra saber continuar, simplesmente, feliz.

Wednesday, February 01, 2006

à la carte

Escolhia seus amores como quem escolhe filmes na locadora... de acordo com o mood do momento, por sinergia com o que estava passando por dentro ou, ao contrário, para preencher o que vinha fazendo falta...
As vezes, um filme pra chorar bastante- porque carecia de uma justificativa para aquela tristeza meio intrínseca, ancestral mesmo. As vezes, estórias das mais complexas: matéira prima para um pensar profundo; outras, leves, leves, pra ajudar a não pensar. De vez em quando, tudo tão denso e confuso e pesado que, por contraste, capaz de resgatar a sensação de que a vida é mansa ( mesmo que só depois de findo o filme...). Um cena mais tórrida hoje, um diálogo mais sensível amanhã, um cenário bonito mais exótico pra fazer sonhar, ou um sotaque, outros temperos e cores...Wood Allen de vez em quando, pra rir da própria neurose, Almodovar além do saudável - sabe-se lá porquê, as vezes mais por hábito mesmo, por só reconhecer o estilo quando quase no meio da cena, pra não frustrar espectativas, por não saber outros roteiros...
Com o tempo, foi virando um pouco prisioneira de sua própria filmografia... incapaz de se contentar com algo mais "agua-com-açúcar", mais bobinho, mais Spielberg...
E foi incorporando esse jeito de querer pinçar estórias específicas, conduzir o enredo, ter o controle sobre plays e stops e fast-forwards... como se fosse ao mesmo tempo a roteirista, protagonista e espectadora- e portanto responsável pelo destino de todos os personagens, por todas as consequências, todas as escolhas, todas as não-escolhas..E se surpreende quando os outros personagens - meros coadjuvantes dos dramas internos - ganham vida e vontade própria, improvisando, fugindo do script ( ou da cena, ou do filme...) E se enche de culpa quando o roteiro interfere demais nos caminhos desses outros atores, e se sente burrra ( e frágil, e vulnerável e patética) quando permite que interfiram no seu roteiro.
Mas... cansou de ser Carmem Maura, sabe que não sabe ( e tem quase certeza, não quer, apesar de parecer mais fácil) ser Meg Ryan.
Sabe que apesar dos momentos Amelin que povoam seus roteiros, não é Amelin.
Nem Frida.
Não quer mais dirigir filme algum, também não sabe delegar a direção. E nunca soube compartilhar a condução de caminho algum... Então retorna à locadora e se pega sem saber que filme escolher - porque a bem da verdade, não quer filme nenhum.
Cansou dos atores de sempre, não está muito disposta admitir outros, cansou da responsabilidade (imáginátia, mas enfim!) pelos destinos, cansou de pensar em roteiros...


Até que se depara com "Sob o Sol de Toscana"...

Monday, January 30, 2006

Inusitada manhã de domingo

7 km em menos de 48 minutos.
Nada mal para a pata choca que sempre fui.
Ah! E debaixo de chuva.
A volta da Lagoa ( 7,5km) planejada para o Carnaval já parece pouco.
A corrida na USP, de 12 km, ainda é muito... ai,ai... será que eu vou virar uma runner freak?
Preciso deseperadamente de um tênis melhor.

Friday, January 27, 2006

Pequenas alegrias

- Ouvir o CD novo da Barca - lindíssimo! - em primeira mão;
- Encontrar bem-casados para dar de presente para minha avó;
- Descobrir que o túnel por onde passo todos os dias se chama "Noite Ilustrada";
- Fernando Pessoa brotando de presente, enchendo de poesia a manhã...

Isso foi na terça.
Hoje estou menos atenta a estas pequenas alegrias - daí a importância de me lembrar.
Hormônios - mais literalmente do que nunca - a flor da pele.
E pele é o tipo da coisa que mina o meu humor...
Ainda bem que está armando um final de semana perfeito para assistir filmes e mais filmes debaixo das cobertas. (Sim, o calor resolveu dar uma treguazinha essas dias).
Ups- mas no domingo tem a tal corrida - 7 km, pra eu me preparar para a volta na Lagoa no Carnaval...

Monday, January 23, 2006

Final de semana de me apaixonar....
- pelos meus amigos - que sabem , quase que por magia, me deixar respirar/ me obrigar a respirar, dependendo da ocasião;
- pela minha família - fofa e querida, sempre. Surpreendentemente compreensiva ( e persistente, mesmo eu tendo expulsado da minha vida tanto);
- pela casinha que em breve será minha - por que é linda, e amarela (sempre amanhecendo!!), e cheia de mini detalhes que são (ou serão! ) a minha cara...

- pela minha vida, enfim!! - sei lá - parece que eu estou definindo o meu dia da marmota... e estou feliz, feliz com ele.

O que mudou? sei lá, corri alguns km, tirei o que andava pesando, a areia dos olhos...

Nada como esta predisposição a me apaixonar...
Nada como esta brisa entre morna e fresca, e esta falta de urgência, e esta sensação de caminho, se não certo, ao menos florido...
Adoro quando eu me basto... todo o resto ficando com gosto de festa...

Antes do Dudu ir pro Xingu...


Baladinha de despedida, tirada da cartola, no de uma conversinha cibernética no meio da tarde... Todos os "arroz de festa" reunidos!!!

Friday, January 20, 2006

até que enfim, as fotos do Reveillon!!


O Reveillon foi mesmo um golpe de mestre: praia linda, super amigas reunidas, começando o ano com Mimosas (drink com champagne e suco de laranja aprendido na ultima temporada em Miami).







Isso sem contar as tradicionais pizzas e as artes da Carol... Um ano que começa assim, só pode mesmo reservar as melhores surpresas....