Tuesday, March 07, 2006

Epílogo

"São apenas andaimes, que podem ter ajudado (...), mas que devem ser retirados, obra acabada. (...) Todo mundo sabe que um contrutor constrói uma casa para outra pessoa morar e para isso pôe na construção uma placa com seu nome - mas depois de pronta, não é preciso placa nenhuma para todo mundo saber que alguém ( que não mora ali) a contruiu. (...) O importante não é dizer, é saber. Certas coisas não se dizem, porque dizendo, deixam de ser ditas pelo não-dizer, que diz muito mais. O importante é que todo mundo saiba que o rei está nu, e não diga nada, para que uma criança possa dizer, "olha, o rei está nu!" lembra-se da estória? Imagine o desfile do rei nu com uma faixa na frente anunciando: 'O REI ESTÁ NU' "
Fernando Sabino
Enfim, depois de gritar loucamente que O REI ESTÀ NU, depois de espirrar mágoa por todos os lados, e me expor tanto e fermentar por dentro, e conseguir deletar msg e contatos e aposentar definitivamente a "patética detetive da internet" e me machucar, e machucar quem ousou se manter por perto, e depois de digerir tudo e chegar expulsar de mim, inclusive pelos poros!!!!, e ter que trocar de pele até e entender mais ou menos ( ou inventar um porquê!) ao que veio tudo e depois de voltar a aprender a me fazer feliz, e aprender a me deixar fazer feliz, e ser feliz, e me manter feliz...

Apesar de ter sido tão importante esta cumplicidade comigo mesma e com algumas ( poucas!) pessoas queridas nestes últimos meses... mais importante que tudo, o diálogo sensível com minha mãe, a conversa abaixo da superfície com os visitantes mais insistentes, o carinho desinteressado regando o jardim a conta gotas... o fato é que este solo está muito encharcado ainda, ainda com muita erva daninha assombrando mesmo que só em memória, e as sementinhas e plantas que venho cultivando são das mais delicadas, e gostam de sol e brisas da manhã... Então é preciso guardar esses ontens todos - tão perigosos para esse hoje tão novinho...

Valeu por segurarem as escadas durante a reforma da casa, por armarem a rede de proteção e me convencer que era seguro subir mais um andar.... mas chegou a hora de tirar os andaimes ( não confundir amuleto com muleta) e receber visitas... só as que fazem bem, que trazem ramos de sol, que têm talento para cuidar...
E as janelas estão abertas, tem um banco no quintal, biscoitinhos saindo do forno., "A Barca" tocando e Xingu na geladeira.

"É hoje. Todo ontem foi caindo
entre dedos de Luz e olhos de sonho.
Amanhã chegará com passos verdes.
Ninguém detém o rio da aurora.
- Pablo Neruda -

Enfim: final desses Transbordamentos, eventualmente, início de "Um canto para uma semente"
(ainda bem sem certeza, sem urgência alguma... mas muito provavelmente, até porque "não sei exprimir minhas emoções senão trocando em miúdo, no varejo das pequenas coisas" Fernando Sabino )

Espero a visita de vocês, de verdade, na minha casa de verdade. Para conversas ao vivo, vida ao vivo. E agora.

(Ouvindo - Mais e Menos/ 22-11 - O Teatro Mágico)

Prenda minha, tu me faz bem
Muito aquém do que eu mereço...
Mais eu desejo que esse bem assim
Feito agua em pote
Faça umedecer um coraçao que sofre
(Ceumar)

Monday, March 06, 2006

Memórias Póstumas de quase amores...(????)

Revirando tudo - fotos, cartas e, principalmente pensamentos... como se faz periódicamente porque sim, como faço o tempo todo por não saber ser de outro jeito, como se é obrigado a fazer quando se muda de casa...

Me pego tentando encontrar o porque de cada pessoa que passou por aqui nos últimos tempos... E é um esforço me livrar da culpa católica e da mania de me achar roteirista de um teatro de fantoches para, simplesmente, obseravar com cada barco atracado movimentou a superfície, o quanto movimentou ou não as profundezas e o que as marolas formadas trouxeram para a orla...

O eco sempre mais importante que o fato, como eu gosto de acreditar e repetir...

E percebo que ter tido alguém que teve tanta certeza que queria estar comigo para sempre , e mesmo depois de estar comigo, e durante tanto tempo, e tendo mudado tanto sua vida "por mim" fez toda a diferença. Pra me dar a segurança de sim, ser possível que alguém queira estar comigo "pra sempre" - mesmo que neste caso, a calmaria fosse quase um convite ao suicidio. E também para eu entender de vez que, não importa o quanto uma pessoa goste de outra -isso não faz com que seja recíproco. que amor incondicional é tão aterrorizante quanto amor nenhum. E que esse amor exacerbado acarreta uma ditadura de gratidão, ao mesmo tempo que permite que você se torne uma pessoa pior, cada vez pior...

E que conhecer alguém, na medida dos meus sonhos, e me apaixonar tão loucamente e me deixar quase enlouquecer... ao menos me ajudou a ter a dimensão de quanto eu sou capaz de sentir. e então lembrar de não me contentar com nada que seja muito menos que isso. Ou, ao menos , não deixar que ninguém pense que é muito se for tão menos que isso... Por outro lado, me obrigou a me re-estruturar muito, já que abalou todas as estruturas... e permitiu que, mais de uma ano depois eu pudesse quase maduramente recusar os galanteios, me ensinando a pensar mais em mim. Mesmo parecendo renúncia...

Um lunático, forçando a admitir que se eu não estiver inteira, vou continuar me rodeando de gente em frangalhos... e lembrando que eu não devo nunca, nunca deixar minha intuição de lado - mesmo que eu não saiba explicar o que há de errado, mesmo que escute repetidas vezes "mas porque não? ele parece gostar tanto de você"...

Um amigo de longa data, que, a um preço alto demais, mas ainda assim... talvez tenha sido a única forma de eu ter coragem de me envolver de novo - tão escaldada eu estava... porque se fosse alguém que eu confiasse menos, jamais teria acontecido naquele momento, que eu definitivamente não precisava... e, se não fosse alguém que eu confiasse tanto, jamais teria deixado me machucar como machucou, mas enfim... c´est la vie... e também fez lembrar que não importa o quanto você tome cuidado com os outros, nada, nada te protege que sejam careless e irresponsáveis com você, de que afiem ostensivamente as facas com as quais você confessou que se mutilou nos últimos tempos, que assistam, sem tomar a menor atitude, você continuar se mutilando.. E lembrando que, por ter começado muito inteira, por contraste, o tombo vai pareceu muito maior - porque, ladeira abaixo, as vezes é quase impossível separar o joio do trigo.

Um filósofo, que me pegou no colo, e trouxe tanta poesia e ressucitou o diálogo sensível e ajudou a desintoxicar tantos lugares. Um princípe mouro, que me fez sentir bonita, que resgatou pequenas delícias e ajudou a desintoxicar meu corpo.
E que me deram a mão;
me presentearam com poesia e cartas e ternuras e "adeus";
mostraram horizontes inusitados;
me ensinaram a andar de moto;
e a não respeitar os limites;
ou a respeitar os limites;
e me levaram para dançar;
e disseram que era bom que eu existisse;
assistiram o tempo passar rápido junto;
que estiveram à disposição pra fazer bem, que ligaram com as piores intenções, que me reprovaram na entrevista... e não entenderam nada, e me deixaram sem entender nada...

Enfim - este é o raio X do que foi, isso é o que ficou...
E fiquei eu - tão mais forte e corajosa, e já menos irônica embora ainda muito, muito cética. E tão segura de ter tanta gente querida em volta que todos esses mini-affairs parecem Irrisórios. Irrevelantes. Pequenos. Patéticos.
Então, pra desentulhar de vez a alma, ficam aqui também fragmentos angariados e nunca postados... porque precisei esperar que eles deixassem de carregar tanto sentido para ser apenas a fotografia desbotada de um momento, sem muitas ressonâncias na alma.
aliás, não só os trechos... com alivio e tristeza, o tempo fez com que as próprias pessoas deixassem de carregar tanto sentido.


E com a maior das alegrias, agradeço por ter aprendido, a duras penas!!! , a conquistar "a graça de deixar ir embora sem que o sangue nas minhas veias entre na contramão". (Allan da Rosa)

E quase nada poderia ser melhor do que isso.
"..sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e, se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?" Caio Fernando Abreu
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"Odeio pessoas que dizem ' mas todo mundo sempre se apaixona por mim'. Parece a perua da Jessica Lange seduzindo a Dorothy em "tootsie" só para depoir rejeitar, fazer cara de santa dizer " ´magiiina, eeeeeeu?". São jogos do ego, que eu conscientemente não alimento, me recuso: é uma questçao ideológica. Relações humanas são outro papo. Minha maior insegurança é justamente isso: estar (eu) alimentando um ego ávido"
Caio Fernando Abreu
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Eu, que chamava de amor a minha esperança.
(...) E quero saber se a esperança era uma contemporização com o impossível. Ou se era um adiamento do que é possível já - e que eu só não tenho por medo. Quero o tempo presente que não tem promessa, que é, que está sendo. Este é o núcleo do que quero e temo. Este é o núcleo do que eu jamais quis. E a mim - quem me quereria hoje? quem já ficara tão mudo quanto eu? quem, como eu, estava chamando o medo de amor? e querer, de amor? e precisar, de amor?
Clarice Lispector
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"sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo meu deus como você me doía de vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando e pensando 'meu Deus mas como você me dói de vez em quando'." Caio Fernando Abreu
Favor
Allan da Rosa

Não me apresente mais nem um passo do teu caminho
Não me liga, não me procura, não me arranca tão facinho do meu casulo
Eu fora, da tua pechincha
da veia aberta que você abre e trilha no continente
Você não mais, não
Cintilando no meu pensamento.
Não me apareça mais com teu sorriso de delicada criança
Nem com tua garra presença, amor
tapando cada poro meu.
Teu sonho me varando o peito.
Recordações...
Nosso corpo inventado, nossa alma arrebatada
Nosso vigor, nossa irmandade,
Nossa delícia, nossa saudade


Qua se dane essa ficção
de nós... já era...!...
Nós. Dois nós desatados, desenlaçados
Agora?
O patuá saiu do pescoço.
Em cada peito uma moenda (...)
Não vamos confundir amuleto com muleta.
Não me ligue.
nao deixe cheiros, nem panos.
Nem recados singelos.
com tua voz me desejando
BOM DIA! ou TE GOSTO! ou LEMBREI DE TI: QUIS TE DAR UM
ABRAÇO.
Colorindo a fala, longe, um suave sotaque de indecisão
FIQUEI COM VONTADE DE PARTILHAR COM VOCÊ O QUE VI HOJE....
Não me envia acenos, não envia...
Desvia, desguia
Segue tua Lua crescente, que sei, é tão alumiosa
Dança na passagem...
Segue tua estrela- Guia...
Cria...


Não me mande à Noite a promessa de um dia
Não me afaga tua noite, lã e polvora, de leve em minha pele
Você Sol, me deixe
com as valorosas estrelas vaga-lumes
e são tantas, que repicam
e quase queimam, quase mostram
quase ferem o alimento

Você Sol!, me deixe com essas sublimes estrelas, que no mapa dp céu me indicam nortes e lestes e comovem e sussurram...
gritam... quando ergo a cabeça buscando o horizonte
Você Noite, que eu algazarra e me cafuné
Você noite de filosofia
Não me lembre dos teus buquês e ruas de vento onde posso voar
Não me telefone, não me escreva mais
Diga. Frise. Seja direta. Diga que não precisam
dar notícia que te viram, nem perguntar de ti.
Me deixa conviver
com a certeza da minha
da nossa
Burrice
em não se parear de vez.


Tenho certeza que talvez irá passar.

Carnaval dos improváveis ou o Melhor Carnaval dos últimos tempos!!!!!!

A trupe dos improváveis - improvavelmente !!! - foi aumentando a cada dia e todo mundo tão no mesmo pique que tudo foi motivo para alegria e risadas e teorias... como a do Appeal, Approach e 'A pegada!' O questionário de screening do Harry Potter foi exaustivamente testado, e rolaram estripulias dignas dos tempos aureos da adolecência...

A mini aflição de talvez dar de cara com o passado sumiu enquanto criou-se a teoria do menino-camaleão... (mas ele é carnavalesco? hum... depende da menina que ele está agora... na minha época parecia que gostava de cultura popular...)

E a estratégia de "na dúvida, diga que desperdício"...

E então nós, improvavelmente acampadas a 2 quadras de copacabana e 4 da praia de Ipanema, Blocos cruzando improvavelmente nosso caminho o tempo todo, uma festa constante para os olhos - paisagem e mocinhos... o que aliás, nos levou a entender bem o nome do bloco "Céu na Terra"...

E lá fomos nós, atrás da Banda de Ipanema, do Empolga às 9, do Cordão do Boitatá, atacando de comentarista na Sapucaí, do Céu na Terra em Santa Tereza, e na Lapa, tanto...

Enfim, tratamento dermatológico feito, abençoada por Jesus Cristo e de alma mais que lavada...
Essa vida sabe ser absurdamente boa quando a gente deixa...

Thursday, March 02, 2006

novos habitantes



Devagarzinho, vão sendo incorporados na casinha novos habitantes...


Minhas cirandeiras , a bailarina feita de cabaça ( tão "eu" que quase assusta!) um caracol ( que fui eu, durante tanto tempo...)

Reparem no Piano aberto... sim, tirei os livros dos armários e tenho tocado... ( quer dizer...) vamos ver se é puro fogo de palha ou se eu me animo mesmo... Já a "pilatagem do fogão" já foi retomada, a todo vapor... E hoje, recebo o pessoal para comer umas tapiocas...

Estou tão feliz que quase assusta.

By the way, o Carnaval foi perfeitíssimo - com direito a um efetivíssimo tratamento de pele, que encerra - graças aos céus!!! - a "Epopéia Dermatológica" !!!!