Monday, March 06, 2006

Memórias Póstumas de quase amores...(????)

Revirando tudo - fotos, cartas e, principalmente pensamentos... como se faz periódicamente porque sim, como faço o tempo todo por não saber ser de outro jeito, como se é obrigado a fazer quando se muda de casa...

Me pego tentando encontrar o porque de cada pessoa que passou por aqui nos últimos tempos... E é um esforço me livrar da culpa católica e da mania de me achar roteirista de um teatro de fantoches para, simplesmente, obseravar com cada barco atracado movimentou a superfície, o quanto movimentou ou não as profundezas e o que as marolas formadas trouxeram para a orla...

O eco sempre mais importante que o fato, como eu gosto de acreditar e repetir...

E percebo que ter tido alguém que teve tanta certeza que queria estar comigo para sempre , e mesmo depois de estar comigo, e durante tanto tempo, e tendo mudado tanto sua vida "por mim" fez toda a diferença. Pra me dar a segurança de sim, ser possível que alguém queira estar comigo "pra sempre" - mesmo que neste caso, a calmaria fosse quase um convite ao suicidio. E também para eu entender de vez que, não importa o quanto uma pessoa goste de outra -isso não faz com que seja recíproco. que amor incondicional é tão aterrorizante quanto amor nenhum. E que esse amor exacerbado acarreta uma ditadura de gratidão, ao mesmo tempo que permite que você se torne uma pessoa pior, cada vez pior...

E que conhecer alguém, na medida dos meus sonhos, e me apaixonar tão loucamente e me deixar quase enlouquecer... ao menos me ajudou a ter a dimensão de quanto eu sou capaz de sentir. e então lembrar de não me contentar com nada que seja muito menos que isso. Ou, ao menos , não deixar que ninguém pense que é muito se for tão menos que isso... Por outro lado, me obrigou a me re-estruturar muito, já que abalou todas as estruturas... e permitiu que, mais de uma ano depois eu pudesse quase maduramente recusar os galanteios, me ensinando a pensar mais em mim. Mesmo parecendo renúncia...

Um lunático, forçando a admitir que se eu não estiver inteira, vou continuar me rodeando de gente em frangalhos... e lembrando que eu não devo nunca, nunca deixar minha intuição de lado - mesmo que eu não saiba explicar o que há de errado, mesmo que escute repetidas vezes "mas porque não? ele parece gostar tanto de você"...

Um amigo de longa data, que, a um preço alto demais, mas ainda assim... talvez tenha sido a única forma de eu ter coragem de me envolver de novo - tão escaldada eu estava... porque se fosse alguém que eu confiasse menos, jamais teria acontecido naquele momento, que eu definitivamente não precisava... e, se não fosse alguém que eu confiasse tanto, jamais teria deixado me machucar como machucou, mas enfim... c´est la vie... e também fez lembrar que não importa o quanto você tome cuidado com os outros, nada, nada te protege que sejam careless e irresponsáveis com você, de que afiem ostensivamente as facas com as quais você confessou que se mutilou nos últimos tempos, que assistam, sem tomar a menor atitude, você continuar se mutilando.. E lembrando que, por ter começado muito inteira, por contraste, o tombo vai pareceu muito maior - porque, ladeira abaixo, as vezes é quase impossível separar o joio do trigo.

Um filósofo, que me pegou no colo, e trouxe tanta poesia e ressucitou o diálogo sensível e ajudou a desintoxicar tantos lugares. Um princípe mouro, que me fez sentir bonita, que resgatou pequenas delícias e ajudou a desintoxicar meu corpo.
E que me deram a mão;
me presentearam com poesia e cartas e ternuras e "adeus";
mostraram horizontes inusitados;
me ensinaram a andar de moto;
e a não respeitar os limites;
ou a respeitar os limites;
e me levaram para dançar;
e disseram que era bom que eu existisse;
assistiram o tempo passar rápido junto;
que estiveram à disposição pra fazer bem, que ligaram com as piores intenções, que me reprovaram na entrevista... e não entenderam nada, e me deixaram sem entender nada...

Enfim - este é o raio X do que foi, isso é o que ficou...
E fiquei eu - tão mais forte e corajosa, e já menos irônica embora ainda muito, muito cética. E tão segura de ter tanta gente querida em volta que todos esses mini-affairs parecem Irrisórios. Irrevelantes. Pequenos. Patéticos.
Então, pra desentulhar de vez a alma, ficam aqui também fragmentos angariados e nunca postados... porque precisei esperar que eles deixassem de carregar tanto sentido para ser apenas a fotografia desbotada de um momento, sem muitas ressonâncias na alma.
aliás, não só os trechos... com alivio e tristeza, o tempo fez com que as próprias pessoas deixassem de carregar tanto sentido.


E com a maior das alegrias, agradeço por ter aprendido, a duras penas!!! , a conquistar "a graça de deixar ir embora sem que o sangue nas minhas veias entre na contramão". (Allan da Rosa)

E quase nada poderia ser melhor do que isso.

1 Comments:

Blogger Fernanda plantou esta semente...

Post perfeito Ju!
Tava pensando em vc e nos dragoes hj...
acabei de espantar um bem grade e desta vez pra sempre!
bjs

6:55 AM  

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