Wednesday, February 08, 2006

Fase de muda

Janeiro foi um mês dos mais quietos - mesmo o reboliço interno foi silêncioso...
Só saí de casa para estar com pessoas que muito, absurdamente queridas. ( ou extremamente insistentes!)
Até a epopéia dermatológica contribuiu para a reclusão...
Minha total falta de disposição para conversas sobre o Harry Potter e afins fez com que eu escolhesse simplesmente me abster de algumas conversas. Afinal, o que responder quando se escuta "o carinho dos pais é fundamental para os bebês"? tipo do comentário não ilumina uma idéia, não emite uma opinião, não faz rir, não inicia um assunto, não muda o jeito de pensar... o que não quer dizer que só existe espaço para conversas sérias e densas... a bobeira pura e deliberada é mais que bem vinda... o que me incomoda é o senso comum dito como uma pérola de sabedoria (à la "férias são importantes para resgatar a criança que temos em nós"), que não agregam nada, simplesmente marcam território...
E tudo isso, e outras coisas, e o manejo de espinhas alucinadas... pouquíssima vontade de estar com as pessoas e simultânea saudade de estar com as pessoas. Um quase emputecimento com convites que eu não sei recusar e que fazem com que eu me sinta menos dona do meu tempo...
Ainda bem que tem sempre um olhar de fora ajudando a pensar: fato é que eu não estou acostumada a não querer muito estar com as pessoas.
Então me sinto culpada. E pouco amiga.
Como se fosse um crime precisar de tempo pra se(me) juntar.
Eu que insisto em repetir que ninguém tem obrigação de ser feliz e radiante 100% do tempo, demoro a aceitar que não sei ser 100% amiga 100% do tempo.
Como se fosse possível se dar estando pouco inteira.
Enfim...
Precisei sumir um pouco.
Preciso ainda.
Preciso saber que vocês estão aí para quando eu voltar. Porque, desta vez, sou eu que preciso que não desistam de mim.
Que eu tenho essa felicidade latente ,mas tão frágil que quase deixa de ser quando falo nela - e por isso eu guardo.
Porque o semestre passado foi de muita exposição - porque eu precisava de ar e sol pra secar feridas - e como tinha formado "casco", podia me expor.
Agora, em fase de muda, vulnerável, vulnerável, precisei ficar quieta.
Que importante ter uma casa pra me sentir segura pra abandonar couraças, trocar de pele ( mais literalmente impossível!!), despir a armadura que antes protegia mas passou a limitar movimentos mais interessantes e espontâneos.
E que medo! de virar meio eremita, de me apegar a esta vulnerabilidade, como me apeguei à armadura, de deixar passar tempo demais, de deixar passar.
Por isso o convite apressado, metendo os pés pelas mãos, convidando, meio sem convidar, visitas.
Porque, mesmo que neste momento me incomode, preciso que apareçam os convites, preciso que me lembrem que há vida lá fora que eu preciso deixar de ser "gato escaldado".. porque, como boa caranguejeira antes da muda, fiz uma trincheira de pelos urticantes que eu terei que recolher em algum momento, porque visitas chegam, do outro lado do oceano, este final de semana mesmo, fezendo bem espero...

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