Thursday, June 30, 2005

La jardinera


Para olvidarme de ti
Voy a cultiva la tierra,
En ella espero encontrar
Remedio para mis penas.
Aqui plantaré el rosal
De las espinas más gruesas,
Tendro lista la corona
Para cuando em mi te mueras.

-- VIoleta Parra . --

Encantamentos

Ontem foi meu último encontro com o Marcos.
Que pena !- vou definitivamente sentir falta dele, da interlocução sensível, do carinho e cuidado... Não que isso não continue existindo, mas agora ficará mais restrito à E-mails e sujeito às nossas agendas malucas e a vida atropelando tudo...

Engraçado pensar como ele ancorou na minha vida - ou melhor dizendo, permitiu que eu ancorasse na dele... E, se não me engano, foi Thiago de Mello o "culpado" das primeiras conversas... e desde então, tenho a felicidade de tê-lo, "guardandome" ...

Você, Marcos, não tem idéia da dimensão do encantamento que me inunda...

Mas, como disse Gayatri a Alan:
- Existem mistérios que se escondem no corpo.
Não convém que os despertemos.

(Noites de Bengali, Mircea Eliade)


Só mesmo um jardineiro para fazer brotar luz e colorido, neste até então "mar de mágoa"..

Wednesday, June 29, 2005

Errando erros antigos...

Pego de gancho o finalzinho do post da Gi
" Será que estou tão acostumada a sofrer que não quero me libertar das dores que eu já conheço?"
Ainda me recuperando de um senhor pé na bunda, me flagro voltando a ser a mulher butoh (dança/ teatro de origem japonesa, que tem a imprevisibilidade como uma das principais características...) - ou seja, já sai por aí fazendo pequenas bobagens, por que sim, por esporte, mas princípalmente, por medo... Porque casinhos instantâneos, expectativa nenhuma de envolvimento, semi entrega - tudo isso me é muito familiar - são vazios com os quais eu sei lidar, são meu entorno e onde me escondo, há anos e anos...
Enfim, já rolaram os e-mails mais meigos do que deveriam para mocinhos do passado que eu definitvamente não deveria... e, obviamente, já rolaram respostas, propondo o que não deveríamos...
E, este impulso enorme de "diversificação de investimentos" (de novo, emprestando teorias da Gi!) - Estou com tanto medo dos erros recentes que repito os erros mais antigos - aqueles que, ao menos, sei onde vão dar... Porque, pelo menos nestes casos, estou pesando em terreno conhecido, sei o que esperar (ou seja, nada) e, sei a partir do dia 1 que o(s) cara(s) é meio cafa - ele não vai me surpreender no meio do caminho porque "aprendeu que, àsF vezes, é bom ser um pouco canalha" depois de ter dito tanto que não estava brincando comigo... Enfim, vou retornando as ligações, organizando festas e baladinhas, reativando mocinhos, por puro esporte... mesmo desconfiando "se não seria aquilo arrefecido sentimento, pecar contra a saudade? (Guimarães Rosa)

Dia de São Pedro



Lembro, com saudade, de Jacaré dos Homens... das quadrilhas, cujo ponto alto era o "olha a chuva" já que "no sertão, moça, tempo bom é quando chove"...

Realmente, eu naõ sabia/ não sei nada.

Tuesday, June 28, 2005

Janela sobre a Palavra (III)

Em guarani, ñé~e significa "palavra" e também
significa " alma".
Crêem os indios guaranis que os que mentem a palavra, ou
a dilapidam, são traidores da alma.

Eduardo Galeano

Em vão

Revirei escritos antigos atrás deste poema e só consegui encontrar a parte que fala dos presentes nos meus escritos... engraçado, lembro de gostar, mesmo, mesmo só da primeira parte, mas não lembrava ter abstraído o resto a ponto de mutilar, permanentemente, o poema.
É que, até então, só mesmo esse comecinho fazia sentido... pena, hoje, ser o final a justificar - obrigar?- sua inclusão aqui...

A meio pau
Adélia Prado

Queria mais um amor. Escrevi cartas,
remeti pelo correio a copa de uma árvore,
pardais comendo no pé um mamão maduro
- coisas que não dou a qualquer pessoa -
e mais que tudo, taquicardias,
um jeito de pensar com a boca fechada,
os olhos tramando um gosto.
Em vão.
Meu bem não leu, não escreveu,
não disse essa boca é minha.
Outro dia perguntei a meu coração:
o que há durão, mal de chagas te comeu ?
Não, ele disse: é desprezo de amor.
Transcrevendo o poema aqui, me pego muito reticente em escrever a palavra amor. Arriscaria dizer que só escrevi "Amor" assim, pegando emprestado de outras pessoas, poemas, músicas... Deve ser pela combinação de muito respeito à palavra escrita e muito cuidado com o significado, mesmo.
Aliás, sempre me admira a facilidade/rapidez com que as pessoas dizem que amam outras. Fico pensando se estamos nos referindo ao mesmo sentimento/ intensidade de sentimento. Um pouco como eu pensava quando era criança e tentava entender se as pessoas gostavam de cores diferentes porque efetivamente as viam de forma diferente ou se era mesmo uma questão de o que aquela cor evoca em cada um. Imagino que seja muito"o que evoca dentro de cada um", mas tenho total certeza que não vemos as cores da mesma forma...
Então, quando eu vejo alguém declarando publicamente seu amor por outra pessoa, fico na dúvida sobre o que, efetivamente isso quer dizer...
Não tenho pretenção alguma de julgar intensidades/banalizações ou o que quer que seja, cada um é que sabe da intensidade do que sente... o que aliás, me leva a outro ponto, que eu percebi, muito razão do meu desapontamento...
Eu entendo que as pessoas se apaixonem por outras - being there, done that - mas... partindo do princípio de que cada um sabe a profundidade de seu próprio sentimento, (sabe por exemplo que ele é muito menos do que poderia ser, que é insuficiente para justificar permanências, todo o cuidado é pouco para evitar grandes cicatrizes... Se é tão menos do que se sabe capaz de sentir (que é algo que só quem sente pode avaliar), porque deixar parecer que é grande? que é para mergulhar de cabeça? que "a vida não fica muito melhor do que isso"?


Enfim, foram quase 27 anos para ter o impulso de dizer - e efetivamente dizer - "amo você".
Em vão.

Monday, June 27, 2005

um ser que se reside... e transborda!!!

Resolvi mudar o nome de "um ser que se reside" para "transbordamentos"
É uma mudança conceitual importante... porque o que quero colocar aqui é exatamente o que ando precisando tirar de mim, deixar transbordar para não ficar fermentando...

"um ser que se reside" tem sido como eu me defino há algum tempo -~e, de tão consolidado e intrinseco ao que penso de mim, talvez me impeça de passar a pensar coisas diferentes. E, para não abandonar Manoel de Barros, "eu quero ser outros"...

Quero deixar transbordar essa mágoa toda, para que ela fique tão impregnada em quem eu sou, que me faça voltar 20 casas, que me endureça ainda mais - até porque eu parto do princípio de que a gente nunca pode deixar as pessoas ou coisas nos tornarem uma pessoa pior. Também não quero correr o risco de que o "fermentado" saia com pressão pelas frestas, atingindo quem estiver por perto - como acontece sempre, machucando tanto! Ninguém tem culpa das minhas cicatrizes, não é mesmo?
Espero, então, que estes transbordamentos se dissipem no ar e chovam, mais leves, em outras veredas...
(e também, na esperança de que daqui a não muito tempo, voltem a transbordar coloridos e alegrias...)

Sunday, June 26, 2005

Ramo de Sol

Engraçados os rumos das coisas... Mais engraçada ainda esta necessidade absurda de escrever, escancarar dores e delícias...
"Ainda que o gesto me doa,
não encolho a mão - Avanço!
levando um ramo de Sol." (Thiago de Mello)
Deve ser por isso.