Friday, September 09, 2005

E falando em inundações...

Eu sempre me soube muito feita de água e terra...
as próprias metáforas que brotam por aqui mostram isso... mas, ultimamente... não sei, definitivamente anda tudo molhado demais, inundado demais...
Essa sensação, aliás, é tão mais que metáfora do que passa na minha cabeça que até meu corpo anda acumulando água... sei lá se estripulia dos meus hormônios, sei lá se todo esse apego mesmo, ou se ando mergulhando tanto nos meus sonhos que trago essa água toda em mim ao amanhecer ... e não é um agua fluída - tem muito uma sensação de represamento, de estar contida... aliás, parece tão presa em mim, que apesar de estar super inchada, é como se meu corpo não estivesse conseguindo fazer nada com essa água toda, traduzir em umidade mais saudável: minha pele anda super seca ( e, quem me conhece minimamente, sabe que não é falta de hidratantes mil...) e com estas chuvas toda, me sinto realemente uma represa!

Enfim, correndo no parque na manhã do feriado, com aquele frio todo é que a gente acaba reparando no vento, no próprio ar. E me dei conta de que é isso que anda faltando: ar - aqui e em mim.
Preciso arejar mais este chão e as idéias. Até porquê, com tanta água é capaz dessas sementinhas aqui postas com tanto carinho e cuidado apodreçam, embolorem... e esse é um destino muito triste para essas sementinhas, tão delicadas...
E, como é um chão cheio de sementes, um trator não é, definitivamente, a forma mais indicada. Até porque, se bem me lembro ( talvez algum biólogo possa ajudar! rsrsrs) os tratores não são mesmo muito adequados a estes nossos solos que não passam por invernos rigorosos - eles tem força e peso em excesso - remexem muito e depois, acabam compactando de novo com o próprio peso. Mesmo arar o solo me parece perigoso - algumas coisas demoram muito para serem decompostas e incorporadas às camadas mais profundas e não convém trazê-las à tona.
Penso que minhocas, simplesmente, podem dar conta do trabalho: revolvendo, delicadas a terra, ajudando a digerir o que ainda estiver inteiro, decompondo para não deixar apodrecer. E, ao mesmo tempo, mudando um pouco as coisas de lugar, tornando tudo mais fértil... e tudo bem devagarinho, para não assustar, para não mudar demais a paisagem...

Em paralelo, vou tratar de trazer mais ar e vento pra cá. E sol (aliás, com essa umidade toda, qualquer raiozinho de sol mais destemido já deve estar despertando uns arco-íris por aqui...)
E, para evitar grandes alagamentos futuros, sei lá, talvez tentar drenar um pouquinho essa água toda, cuidar para que ela escorra tranquila, em forma de riachinho ( como esse aí do lado, por onde vai "O menino do Rio Doce"), abrindo caminhos e clareiras por aí, desaguando em outros cantos...

PS.: Vendo essa aguaceira toda, terreno ficando quase pantanoso, pensei até em plantar aqui um eucalipto. Mas aí, achei melhor não. A gente precisa ter muito, muito cuidado com as coisas que têm vida - principalmente aquelas que podem adquirir proporções tão grandes, ainda mais se for assim com uma "função" específica, para sanar um problema pontual... Ainda mais uma árvore, com raiz crescendo, ela toda crescendo... O que fazer depois que ele já tiver cumprido missão? Arrancar de lá? Podar? E se, mesmo depois de resolvido o inundamento, ela continuar alí, secando tudo? E, resolvido o inundamento, ela vai continuar alí, agora "sem função"... . E, na verdade, o eucalipto, coitado, continua querendo o que sempre quis, o que foi oferecido a ele no primeiro momento - água - só que agora , problema resolvido, parece que ele é o intruso, ocupando espaço, querendo tirar mais e mais água do jardim.
Melhor não, melhor não envolver outros seres enquanto aqui for "quase pântano" . Deixa que eu mesmna carrego meus baldinhos, abro canaletas e deixo entrar o vento...

(A ilustração de "O menino do Rio Doce", livro lindo, lindo do Ziraldo, é um dos bordados das irmãs Dummond)

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