Friday, August 12, 2005

Sede no fim

Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondido e, de repente, salta para fora de mim, querendo atingir todo mundo. Tão inesperada quanto a vontade de ferir, e com o mesmo ímpeto, a mesma densidade. Mas é mais frustrante. Sempre encontro a quem magoar com uma palavra ou um gesto. Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos, apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso: da solidão nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna a surgir a solidão. Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente.
E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim.
- Caio Fernando Abreu -

31/08 - Cabe aqui um trechinho da música do Paulinho da Viola que o Gustavinho me apresentou, em meio a cervejas mil - aliás, no próprio dia 12... algo como " bom saber que a solidão é o começo de tudo"... que maluco eu só perceber o quanto ela encaixava aqui tanto tempo depois...

1 Comments:

Anonymous Anonymous plantou esta semente...

Sede de Você
(para Juliana, minha menina de saia)

Menina de saia,
Linda, bela
Sorriso perfeito
Como resistir-te?

Menina de saia,
Rodada, rendada
Mais bela que teus olhos:
Tua alma

Menina de saia,
De sacis e de gente
Tamanha vontade:
Abraçar-te, acolher-te

(Para que nada fique dentro, fermentando... E porque preciso do desperdício de palavras para conter-me)

2:33 PM  

Plante sua semente