Monday, October 10, 2005

A cinderella e a invasão moura...

É bonito. Extremamente bonito.
Tem um encanto exótico que soube tornar ainda mais atraente - esculpiu o corpo, se cobriu de acessórios, encontrou todo um estilo, desenvolveu uma atitude das mais interessantes... interessante o suficiente para chamar minha atenção no meio de muita gente. Em muitos lugares diferentes. Há muito tempo. E, engraçado só mesmo depois das primeiras conversas eu ter percebido ser sempre a mesma pessoa...
Enfim, como muitas das pessoas muito bonitas, ele é também um pouco Narciso. E, como muitas das pessoas que se sabem muito bonitas, ele se sabe também um pouco objeto. E, talvez por isso, se esforça muito em provar que é mais que isso... transita por territórios tão diferentes dos meus e insiste tanto em me conduzir por eles que - inédito! - eu deixo, vou gostando de ser conduzida, de me sentir assim, tão menina, de ouvir mais que falar, de conhecer esses outros lados, mesmo sabendo, desde os primeiros passos, que este é um passeio curto, curtíssimo.
É tão diferente de mim, que me liberta para tatear o novo, me obriga para ser diferente também. Me chama de menina maluquinha, apesar de ser ele o dono das estórias mais doidas... Não bebe uma gota de alcóol - mas me acompanha noite a dentro. Repara que eu canto o tempo todo, e gosta - mas pede que eu cante músicas mais alegres... Faz com que eu repare na melancolia que continuo trazendo na voz... Narciso que me faz bonita também, que se orgulha do conjunto formado, faz com que eu me sinta confortável neste mundo de espelhos.. Faz com que eu, tão avessa à futilidades, me sinta até tranquila em admitir que os primeiros passos foram, simplesmente, porque ele é muito bonito. Faz com que eu não me arrependa de ter olhado tanto, com "desejo de invasão nos olhos", como disse.
Mas... fato é que olhou de volta, anotou a placa do meu carro. veio atrás assim e como pode. O quanto pode.

Mesmo quando eu recuei 20 passos, mesmo quando eu fugi - Cinderella, disse - e veio atrás, mesmo sem sapatinho de cristal para ajudar na busca. Embalou meu sono e cantorias com um repertório todo novo. Riu das minhas fugas todas e. rindo, me trouxe de volta para perto. Segurou firme, sem medo que eu escapasse pelos vãos dos dedos; cercou por todos os lados, mas sem sufocar nunca. Tornou noites mais longas e dias mais leves.
Por isso tudo é que eu estou um pouco triste em ter que me despedir esta noite.
Porque se ainda tem bastante encanto no ar, tem um mês inteiro de distância pela frente. Porque nada que se diga faz com que eu acredite em uma possível prorrogação daqui a tanto tempo, com tanta água passando em baixo da ponte. Porque eu não estou disposta a assistir o gato subir no telhado. Porque a "data de validade" foi o pilar da leveza e entrega do passeio - e sem perspectiva de fim, lá iria eu surtando... Porque sei que uma "noite em trancoso" não pode durar muito mais que algumas noites...
Por isso tudo que eu, Cinderella, preciso me despedir esta noite. Só não sei ainda se é por medo que vire abóbora ou - muito mais assustador - por medo de não vire...

2 Comments:

Blogger Taís plantou esta semente...

sem medos, minha querida. eles não nos servem de nada. consequências (e não importa se do tipo bom ou ruim), são muito mais interessantes.
e amei de novo! preciso colocar seu link lá no meu, pq tenho vontade de copiar e colar tudo!
beijos

8:05 AM  
Blogger Ju T plantou esta semente...

com medo ou sem medo - so posso dizer que nada me impediu de aproveitar cada minuto... Pelo menos este "aprendizado" de burradas passadas eu tenho conseguido colocar em pratica - se vai tudo desandar mais cedo ou mais tarde mesmo. soh preciso cuidar de aproveitar tudo ao mesmo tempo agora!!
Adoro suas visitas! Beijo.

8:25 PM  

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