Thursday, July 28, 2005

Saudade da Terra


Hoje é dia do Agricultor.
Saudade de Jacaré dos Homens, saudade das comunidades rurais onde trabalhei, saudade.


Queria colocar aqui algum texto que escancarasse a beleza dessa luta diária, debaixo do sol, esperando a chuva, essa relação com a terra mãe, como diria o Marcos... esse "afagar a terra" e "fecundar o chão"...


Mas... estou nostálgica, com saudade dessa proximidade com a terra, questionando quando em vez meus rumos e... fato é que, desde que resolvi colocar aqui esta foto (tirada no Garrote, a caminho de uma sala de aula no Poção, Jacaré dos Homens) essa música do Gil e o poema do Manoel de Barros insistem em ocupar meus pensamentos...
não consigo definir se é pelo abandono que a foto emana ou se por eu ter meio que abandonado (temporariamente, como eu gosto de acreditar) aquela parte de mim que almejava ter "implicações na emancipação do homem"...


Queremos saber,
O que vão fazer
Com as novas invenções(...)
e suas implicações
Na emancipação do homem
Das grandes populações
Homens pobres das cidades
Das estepes dos sertões...
(Gilberto Gil)



Aprendo com abelhas do que com aeroplanos
É um olhar para baixo que eu nasci tendo
É um olhar para o ser menor,
para o insignificante que eu me criei tendo.
O ser que na sociedade é chutado como uma barata
cresce de importância para o meu olho.
Ainda não entendi por que herdei esse olhar para baixo.
Sempre imagino que venha de ancestralidades machucadas.
Fui criado no mato e aprendi a gostar das coisinhas do chão
Antes que das coisas celestiais.
Pessoas pertencidas de abandono me comovem:
tanto quanto as soberbas coisas ínfimas.
- Manoel de Barros -

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